O aumento do poder aquisitivo dos brasileiros proporcionou o ingresso de um grande contingente populacional ávido por consumir produtos de qualidade. Os produtos oriundos da caprinocultura se inserem nesta demanda, na qual atualmente a produção nacional não consegue suprir as quantidades consumidas pelo mercado. Assim, identificam-se demandas reprimidas para o leite de cabra, seus queijos e produtos lácteos; para as carnes e produtos processados, como embutidos; além do couro, para a indústria de curtume em geral.
Ao empreendedor interessado em ingressar na atividade que explore a produção de leite de cabra, a venda dos machos, dos animais de descarte e de reposição é um complemento da renda da propriedade. Sempre buscando a máxima eficiência, o empreendedor deve se pautar pelo padrão de qualidade do leite exigido pelo mercado e, ainda, buscar a máxima produtividade, que trará a redução do investimento para o volume produzido e, assim, o aumento da lucratividade.
A caprinocultura, realizada como um negócio, é considerada vulnerável quando a gestão produtiva é realizada de maneira ineficiente, gerando risco de prejuízos ao empresário. Por essa razão, o principal serviço demandado pelos produtores e empresários é a assistência técnica. Além disso, eles devem estar atentos às possibilidades relacionadas com os produtos e serviços ao longo da cadeia de produção, a exemplo das criações em regiões com características propícias ao turismo rural.
Quando explorado, isso pode ser uma alternativa de negócio que pode incrementar o setor.
Concorrência
O mercado dos produtos caprinos nas regiões Sul e Sudeste brasileiras caracteriza-se pela comercialização de uma maneira mais formal, dentro das exigências sanitárias legais e com o consequente custo maior de produção decorrente das exigências e dos impostos incidentes. No Nordeste do Brasil, o mercado é influenciado por um considerável índice de informalidade no comércio dos produtos, distorcendo os custos de produção. A comercialização da carne de caprinos concentra-se em fatias de mercados regionais e especializados, nos quais tradicionalmente o consumo encontra forte identidade cultural. Ainda que o leite de cabra e seus derivados sejam produtos de alta qualidade, com mercado francamente comprador, a importação de produtos lácteos caprinos, especialmente europeus, tem sido um obstáculo. As peles de caprinos encontram uma boa aceitação no mercado, podendo ser utilizadas pela indústria na confecção vestuário, de calçados, no revestimento de automóveis e mobílias. Historicamente a indústria de curtume trabalha com níveis de ociosidade elevados, devido à baixa produção e qualidade das peles no Brasil, e frequentemente, recorre à importação para a manutenção de suas atividades.
Para diferenciar-se, a indicação geográfica é importante estratégia para que o produto e suas qualidades diferenciais sejam percebidas pelo mercado. Atualmente, algumas iniciativas vêm buscando identificar produtos caprinos passíveis de ser enquadrados com diferenciação, tais como o “cabrito de Uauá” e o “queijo de leite de cabra do Cariri”. O objetivo da indicação geográfica é transmitir segurança ao consumidor sobre a estabilidade do padrão de qualidade do produto adquirido. Com o registro público e com selos de identificação, dificulta-se a cópia de qualidade distinta ou inferior. A importação de produtos lácteos, carne e couro de caprinos é um fator de concorrência a ser considerado na formação dos preços de mercado.
