Os brasileiros adeptos da religião evangélica fazem parte de um grupo que movimenta um mercado próprio de artigos religiosos e de produtos feitos sob medida para eles. Neste grupo está o nicho de moda evangélica, também conhecido pelos lojistas como “moda comportada”, cujo público-alvo são as mulheres e homens que buscam elegância, sofisticação, estilo e conforto em um visual comportado.
Em 2010, o Brasil possuía 42 milhões de evangélicos, o equivalente a 22% da população brasileira segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa é de que este número cresça 39% até 2020.
Este cenário em crescimento tem atraído muitos empreendedores, inclusive do setor da moda. Diante de um público que tem características específicas de consumo e estilo em virtude de exigências feitas pela igreja, a moda evangélica surge como uma oportunidade de negócio.
Conheça abaixo as principais características, estratégias de diferenciação, cenários e perspectivas para o nicho de mercado ‘moda gestante’. As informações são da publicação Nichos de Moda, lançada pelo Sebrae mês passado.
Características
Atualmente, jovens e adultos evangélicos querem estar dentro da moda. Para as mulheres o objetivo é estarem discretas e comportadas, mas usando cores e estampas dentro das tendências da moda. Tudo é permitido desde que não tenha decote ousado, transparências ou saias e vestidos curtos demais. Algumas igrejas também não permitem o uso de calça.
Para os homens, que também buscam a discrição, terno, camisa social, sapato social e gravata são artigos indispensáveis. Contudo, estampas e cores não fazem parte do visual. A escolha é por cores neutras como o branco, preto, marrom e cinza, que trazem mais seriedade. Para aqueles adeptos de um visual mais básico, calça jeans, camiseta ou camisa polo; e nos pés, um sapatênis.
Cenário e perspectiva
As maiores concentrações de evangélicos estão no extremo norte do País, mais especificamente no Amazonas (19,2%), Roraima (23,6%), Acre (20,4%) e Rondônia (27,7%), segundo Censo 2010, realizado pelo IBGE. O Rio de Janeiro (21,1%), Espírito Santo (27,5%) e Goiás (20,8%) também possuem grandes concentrações.
Para quem desejar investir neste mercado é importante estar atento ao movimento deste segmento que além de atrair evangélicos, vem atraindo um público de mulheres não evangélicas que preferem utilizar roupas mais comportadas. Especialistas afirmam que cerca de 10% das consumidoras deste nicho não são evangélicas. Como as roupas costumam cobrir ombros e pernas, muitas mulheres que usam tamanhos grandes e que, independentemente de serem evangélicas não gostam de mostrar os braços, por exemplo, têm recorrido aos modelos desse tipo de moda. Mulheres de outras religiões ortodoxas são, também, potenciais consumidoras. Atingir este público torna-se, assim, uma oportunidade.
Estratégias de diferenciação
• Crie formas de entender seu cliente, procurando saber o que desejam na hora da compra, bem como entender o seu comportamento no dia a dia;
• Ofereça roupas que utilizem materiais sofisticados, com qualidade no acabamento, boa modelagem e dentro das tendências da moda;
• Atente-se para as características das roupas deste público: saias, no máximo, um pouco acima do joelho, as mangas devem cobrir os ombros e o decote deve cobrir o colo. As transparências são sempre usadas com sobreposição a alguma outra peça;
• Visitar eventos, assinar revistas e sites especializados é necessário para acompanhar as tendências da moda;
• Esteja atento à estrutura do ponto de venda, o qual deve ser montado de acordo com as características deste público;
• Diversifique o canal de vendas, o e-commerce pode ser uma excelente oportunidade de canal de vendas para este público;
• Cuide do atendimento e da linguagem, pois alguns cumprimentos são característicos do público evangélico. Isto deve se estender a seus funcionários;
• Invista na propaganda boca a boca, principalmente nas igrejas.
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Imagens: Raje Moda Evangélica (creative commons)