pensa em abrir um negócio, mas não tem sócios, ele corre buscar algum
familiar disposto a entrar na sociedade. O que parece ser mais seguro e
confiável, no entanto, pode se transformar em um pesadelo. “Existe uma
grande dificuldade em separar família de empresa”, diz Pedro Martins
Parreira, diretor da Parcon Consultoria.
Fernando Massi, sócio-fundador da rede Ortodontic Center, conhece bem
esta situação. Há quatro anos, ele e a esposa, Ana Lucia de Souza Massi,
convivem juntos no comando do negócio e da casa. “Minha mulher e alguns
parentes estão na rede como franqueados. As divergências de opinião
acontecem a toda hora. Tem que separar trabalho e relacionamento, mas a
gente acaba misturando”, diz Massi.
O empresário conta que muitas decisões importantes geram conflitos
entre o casal. “A gente acaba se desentendendo nas reuniões e é difícil
chegar a um acordo no mesmo dia”, diz. Para evitar arruinar a empresa,
eles decidiram criar um conselho que ajuda em questões estratégicas do
negócio. “A gente coloca tudo em votação com assessores e coachings de
cada área. Isso faz uma grande diferença e a empresa deixa de ser tão
familiar com o conhecimento especifico dessas pessoas”, afirma.
Para manter a sanidade, não arruinar as relações familiares e proteger o
negócio, veja as dicas de quem entende do assunto para ter sucesso com
uma empresa familiar.
Assim como Fernando e Ana Lucia, marido e mulher costumam dividir a
sociedade da empresa e a divergência de opiniões pode causar estragos no
relacionamento. Para Joseane Gomes, diretora comercial da consultoria
Ametista Gestão, é preciso que cada um tenha um departamento para
cuidar. “É muito difícil estar na mesma área com o mesmo poder de
decisão e ter sucesso.
Opiniões pessoais são difíceis de mudar e ainda entra sentimento. É
preciso fazer uma gestão separada dentro da empresa”, diz Joseane.
Parreira complementa que esta é também uma maneira de aproveitar o que
cada um tem de melhor. “Um dos fatores mais importantes da gestão está
na soma do capital intelectual da sua equipe interna”, explica.
com a cara do dono, em todos os aspectos. Por exemplo, se o proprietário
não gosta de determinada tecnologia, ela não é usada, mesmo que isso
represente um crescimento menor.
donos. Valores morais, aspectos culturais, formação escolar e o modo de
vida do dono são transferidos para o negócio”, explica Parreira. A
sugestão é fazer um diagnóstico dos pontos fortes e fracos e ver onde a
família interfere nos resultados do negócio.
sentimentos da família. “Quando mistura o familiar com o profissional,
você tem muita opinião e os interesses são muito opostos. Isso é difícil
de administrar”, opina Joseane. Nesta hora, é importante manter a calma
e ser racional na hora de tomar as decisões do negócio.
sucessor adequadamente. “Eu acredito no chão de fábrica. Quando você
vai preparar alguém para ser o sucessor, você tem que levar a pessoa
para começar lá de baixo, na produção e atendendo clientes”, sugere
Joseane.
que eles conheçam o negócio a fundo. “Os valores da empresa não são
repassados”, conta. Por isso, respeitar a vontade dos herdeiros e se
preparar para uma gestão nas mãos de alguém de fora da família é
importante. “Se não tem cabeça aberta e acompanha o mercado, não tem
sucessão, os filhos ficam frustrados e acabam saindo do negócio”,
explica.