Perder a safra por motivos climáticos é um assunto que sempre está em evidência na vida do produtor rural, mais ainda para aqueles que vivem em regiões secas do país. Mesmo com a evolução das sementes, gestão profissional do empreendimento e acompanhamento tecnológico do clima e dos insumos, a natureza continua sendo um fator imprevisível, e perspectivas podem mudar a cada novo ciclo sem aviso, causando sérios prejuízos.
Sim, o combate à seca ainda é um problema principalmente para pequenos produtores sem muito acesso a novas tecnologias. A falta de água é uma realidade em muitas partes do país, e é preciso se munir de alguns cuidados para evitar uma perda total da produção. Determinar como isso será feito vai depender bastante de frequência, duração e intensidade das chuvas.
Uma solução viável e ainda muito comum no Brasil é o investimento em armazenamento de água, com a construção de cisternas. Em dias de chuva, a água é levada através das calhas até um filtro presente no sistema. A função desse sistema é eliminar as impurezas presentes na água, como folhas e galhos.
Um reservatório de 1 milhão de litros, por exemplo, custa cerca de R$ 85 mil, e o produtor rural consegue 100% desse valor emprestado de bancos credenciados e tem um ano para começar a pagar. Depois, o valor é dividido em quatro parcelas anuais. Os projetos geralmente são elaborados por técnicos de empresas de pesquisa em agropecuária rural. No ano passado, o órgão fez 3 mil projetos e investiu mais de R$ 120 milhões em recuperação, proteção, armazenamento e distribuição de água só no estado de Santa Catarina.
Ao adotar algumas técnicas, o produtor rural assegura que terá uma quantidade de água suficiente para irrigar a plantação mesmo em períodos de estiagem, mantendo bons resultados na produção, apesar das condições adversas. Mas o excesso de chuva também pode ser um problema, como as que caíram ainda este ano em vários estados do Nordeste, por exemplo – situação que necessita de análises frequentes por instituições responsáveis. Sem os dados, os agricultores podem enfrentar problemas para a manutenção da propriedade por falta de dinheiro, aumento de dívidas e dificuldade de quitar financiamentos. Sobre isso, em maio deste ano, o senado federal aprovou um projeto que prorroga o prazo para o pagamento de parcelas de financiamentos rurais de agricultores familiares prejudicados por enchentes e secas.
Segundo levantamentos divulgados por associações e cooperativas agrícolas, as ondas de calor e seca que atingiram o país em 2021 geraram perdas de cerca de R$ 45,3 bilhões no campo. No mesmo ano, o Banco do Brasil elevou em 29,4%, ou R$ 56,3 bilhões, a carteira de crédito rural ampliada, que considera também as linhas de financiamento fora do Plano Safra (financiamento federal para fomentar a produção rural brasileira). Para 2022, a instituição espera que o volume de empréstimo para o agronegócio cresça entre 10% e 14%. O incremento de recursos liberados pelo Banco do Brasil impulsionou o resultado recorde de contratações de crédito rural do Plano Safra 2021/2022.
É importante observar que a queda da produção não diminui a demanda de consumo, e é aí que entram as reservas dos estoques de alimentos, para evitar problemas de abastecimento. Todo esse cuidado antecede não só problemas econômicos, mas também sociais, como o próprio fluxo no mercado de trabalho. É importante o surgimento de mais iniciativas e tecnologias que amparem o produtor nessas situações adversas. É fundamental também que o empreendedor busque informações cada vez mais específicas para cada tipo de região e cultivo. Cuidados prévios ainda são a melhor maneira de garantir a produção e evitar prejuízos.