As moedas sociais foram criadas de forma a monetizar e dar, na prática, medida de valor dentro de um grupo ou comunidade. É uma moeda muito utilizada na economia criativa, tendo como lastro a riqueza do conhecimento, ou seja, os serviços e produtos que os membros desta comunidade podem produzir pelos seus próprios esforços. É uma forma moderna do bom e velho escambo, com a diferença de ter um papel social: o trabalho gera créditos (abundância de recursos) e não dívidas (escassez de recursos).
Os produtos ou serviços realizados pelos membros da comunidade são precificados de forma justa pelos próprios membros e lhes garante um crédito que pode ser utilizado em outro produto ou serviço dentro da mesma rede. Assim, quanto mais este se envolver e trabalhar pelo coletivo, mais crédito terá e menos precisará do dinheiro “real” para pagar suas necessidades.
Casa Fora do Eixo
Com o passar do tempo estas comunidades passaram a trocar informações e a criar uma rede colaborativa, de forma a ampliar o seu raio de ação e possibilitar uma diversificação de oportunidades. Um exemplo neste sentido é a Casa Fora do Eixo, que criou um banco que engloba 130 coletivos, sendo que destes 30 possuem moeda social física (em papel). Os demais coletivos optam por fazer um controle simples, porém informatizado (virtual).
Com a troca de experiências e o intercâmbio com estes coletivos, nasceu o Banco Fora do Eixo, por meio do qual no ano de 2011 circulou R$ 88 milhões, dos quais R$ 75 milhões foram em moeda social.
Banco Palmas
Outra abordagem de banco social, também bastante conhecida no Brasil, é o Banco Palmas, criado no Conjunto Palmeira, um bairro de Fortaleza (CE), em 1998. O objetivo é um pouco diferente do Banco Fora do Eixo: o compromisso social é implementar projetos de trabalho e geração de renda através de sistemas de economia solidária focada na superação da pobreza urbana e rural. Além da moeda social (Palma), oferece microcrédito ao pequeno empreendedor local, microsseguro e correspondente bancário.
Este tipo de moeda recebe críticas, principalmente das instituições financeiras convencionais, que denunciam a moeda não oficial por não gerar impostos e porque pode não ter lastro real. Mas a verdade é que as moedas sociais são uma realidade criativa e justa.
Como mostram os casos deste texto, a moeda social é uma forma criativa e legítima para o empreendedor viabilizar sua ideia, ou seja, ele realiza a trocas necessárias a fim de reunir os recursos para colocar seu projeto em prática. É uma opção inovadora que deve ser considerada, principalmente quando se acredita no negócio como forma de transformação social com compromisso comunitário.
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Banco Palmas
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Edição: Fernanda Peregrino, da F&C Comunicação e Projetos.