A cachaça, recém-reconhecida mundialmente como patrimônio brasileiro, tem versatilidade no seu universo gustativo. A existência de um vasto potencial de harmonização da bebida com a cozinha nacional e também com a internacional, que só recentemente começou a ser explorado, evidencia oportunidades para os negócios de alimentação fora do lar.
A versatilidade conferida à cachaça deve-se, especialmente, ao fato de a bebida ser o único destilado que pode ser armazenado em 20 tipos diferentes de madeira. Como cada estado brasileiro tem suas madeiras típicas, isso resulta em uma diferenciação de cor e gosto que reflete diretamente em um imenso universo de combinações possíveis para atenuar ou acentuar as sensações gustativas dos ingredientes culinários em todas as regiões geográficas.
Seja no preparo de refeições ou servida como aperitivo, acompanhamento do prato principal, ou da sobremesa, ou como digestivo, a cachaça tem um referencial cada vez mais forte do mercado.
Muito além dos apelos gastronômicos
A cachaça, por si só, já ocupa posição de destaque no mercado consumidor.
A bebida é segunda entre as mais consumidas no País. Porém, quando considerada apenas as bebidas destiladas, em volume, ela lidera o ranking. Essa classificação, retratada em 2011 pela Euromonitor International, corresponde a mais de 81% do total dos destilados consumidos.
Mas o setor de alimentação fora do lar, ao ter à mão essa dose de brasilidade muito especial para lucrar, também está diante de uma ocasião na qual fortalecer a harmonização da cachaça com os sabores da culinária brasileira propiciará mais lucros em seus resultados.
Por ocasião dos jogos da Copa do Mundo FIFA 2014, a rede de estabelecimentos e de profissionais que atua na gastronomia imprimirá um esforço concentrado para promover a degustação de pratos típicos nacionais. Isso porque alimentação é o maior gasto dos turistas depois dos custos com hospedagem e, para os viajantes, conhecer as comidas regionais costuma ser um dos principais focos de interesse.
Na ocasião do evento, a experiência de paladares altamente regionalizados, misturando ingredientes tão ricos e variados quanto a cultura brasileira para um grande número de viajantes, potencializa a evidência da cachaça brasileira.
Por isso, no entorno desse evento, a criação de atrativos turísticos gastronômicos que representam os traços mais significativos das regiões brasileiras e que permite a constante reinvenção das formas de preparo e sugestões de consumo, potencializa, as oportunidades para os estabelecimentos.
Mas a cachaça, que talvez seja o destilado mais genuinamente brasileiro que se conheça, tem outros fatores, de alto impacto mercadológico que indicam que esta combinação com a gastronomia tende a manter a oportunidade latente por muito mais tempo. São os esforços para registro dos produtores e para certificação do produto que, nos últimos anos, elevaram o status da bebida, resultando inclusive no interesse de investidores estrangeiros para a sua produção. Leia sobre isso em OPORTUNIDADES PARA A CACHAÇA NO MERCADO INTERNO E EXTERNO.
Além disso, cerca de 70% dos consumidores da bebida o fazem em bares e restaurantes e, embora os fabricantes não tenham números oficiais para atestar o crescimento do público feminino entre os seus consumidores, eles já produzem especificamente para as mulheres. Acredita-se que o aumento no consumo pelas mulheres deve-se ao investimento do setor nas bebidas premium, incluindo a cachaça mista.
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Gastos com bebidas alcoólicas
O canal foodservice (representado principalmente por bares e restaurantes) é o principal canal de distribuição de destilados no País. Essa performance está diretamente ligada à venda de caipirinha.
De acordo com o estudo mercadológico da cachaça artesanal (clique na imagem para acessar), os gastos com bebidas alcoólicas em 2011 foram próximos de R$19,4 bilhões. Houve um decréscimo de 0,8% em relação a 2010, conforme análise do Euromonitor International.
Apesar da queda no volume, o preço unitário médio aumentou em 2011, parcialmente em função da inflação, do aumento dos custos de operação e da carga tributária, além da crescente demanda por marcas premium.
Com o objetivo de avaliar as perspectivas para o futuro do mercado de cachaça no Brasil, adotou-se um relatório do Euromonitor (2012) que projetou o faturamento e volume para o ano 2016. Estima-se que o mercado de bebida alcoólica nacional fature mais de 158,8 bilhões de reais. Deste total, 19% se referem às bebidas destiladas, dos quais 47,8% representarão as vendas de cachaça. Esse estudo estima um faturamento com as vendas de cachaça, mantidos os percentuais de participação de cada bebida no mercado, de R$ 14,5 bilhões.
Da Cozinha ao Mercado
Procure o Sebrae mais próximo para saber como se preparar para esta oportunidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Sebrae estadual, por meio da Coordenação de Turismo, busca auxiliar o processo de desenvolvimento dos pequenos negócios turísticos realizando ações individuais e projetos coletivos com foco em qualidade, inovação e sustentabilidade, garantindo, assim, sua competitividade.
O projeto Gastronomia Da Cozinha ao Mercado foi criado no âmbito daquela unidade, a fim de atender exclusivamente o segmento de alimentação fora do lar (bares, restaurantes e similares), em municípios com ou sem potencial turístico.