Preço e paladar estão, muitas vezes, fortemente relacionados à decisão do consumo de determinados tipos de alimentos. No caso das frutas, essa realidade não é diferente. Estudo realizado em todo o Brasil pelo Instituto CNA, em parceria com o SENAR, comprovou que a inclusão de frutas na lista de alimentos consumidos nos lares brasileiros tem correlação direta com a classe social.
A justificativa, segundo os pesquisadores, é o fato das frutas serem consideradas caras pelas classes mais baixas, que costumam optar por produtos que trazem maior sensação de saciedade, como as carnes.
Quando se trata de frutas exóticas, que tem um valor agregado superior às frutas tradicionalmente encontradas em maior abundância, o fator do poder de consumo tem relevância ainda maior. Mas a renda dos brasileiros tem melhorado e o consumo de frutas tem conseguido manter-se em crescimentos nos últimos anos. Nesse contexto, até mesmo o mercado de frutas exóticas tem registrado aumento nas vendas. No estado de São Paulo, onde a classe média representa um percentual cada vez maior de moradores, os reflexos são percebidos pelos comerciantes desse tipo de produto.
O Ceagesp de São Paulo, referência na comercialização e maior entreposto de alimentos frescos na América Latina, constatou o aumento de 5.700 toneladas nas vendas de frutas exóticas em 2012. Comparado com 2011, o volume representa um aumento de 8,11%.
A mudança de comportamento do consumidor em busca de frutas exóticas também foi constatada no interior do Estado. No Ceasa de Campinas, por exemplo, desde 2010, cinco variedades de frutas exóticas já fazem parte da lista de produtos e ele está analisando a inclusão de outras nove variedades. O cajá-manga, o mangostim e o jambo são algumas das frutas que caíram no gosto dos consumidores da cidade e tem registrado um aumento no volume de vendas.
Além do consumidor final, as frutas exóticas também caíram no gosto dos chefs de renomados restaurantes do Eixo Rio-São Paulo. Isso porque proporcionam, à gastronomia, gerar para seus clientes novas experiências gustativas, sem que para isso eles precisem abrir mão de uma alimentação mais saudável.
Os restaurantes são alguns dos principais atrativos da capital paulista e com a realização dos grandes eventos esportivos no País, os chefs paulistas terão ainda mais motivos para inovar na cozinha e surpreender os turistas. Indicando, assim, a tendência de consumo ainda maior de frutas exóticas.
As mais consumidas
A Gastronomia atual dos restaurantes paulistas tem prestigiado, atualmente:
- Physalis;
- Mangostim;
- Pitaia;
- Kino;
- Cherimoia;
- Granadilho;
- Abiu;
- Longan;
- Tamarillo;
- Buriti-miriti;
- Camu-camu;
- Lichia;
- Rambutão.
Para conhecer um pouco mais sobre as características de cada uma delas, principais usos na gastronomia brasileira e locais de cultura, acesse Conheça 10 frutas exóticas que turbinam sua saúde.
Produzir também para exportar
Por se tratar de alimentos altamente perecíveis (oriundos de outras regiões do Brasil ou, em alguns casos, importadas de outros Países), elas exigem uma logística diferenciada de produtores, distribuidores e comerciantes.
Por isso, produzir no Estado pode gerar oportunidades para os produtores locais. Nesta direção, a Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP (Universidade São Paulo), localizada em Piracicaba, tem investido no cultivo de frutas amazônicas.
Inicialmente os pesquisadores elegeram camu-camu – pelo seu alto teor de vitamina C que é superior ao da laranja e acerola; abiu e bacupari – ambos escolhidos por apresentarem um sabor bem doce. O objetivo da pesquisa é aumentar o tempo de prateleira de tais frutas e, a partir daí, permitir que elas também sejam comercializadas para outros Estados.
O camu-camu, que se trata de uma fruta pequena que pesa em média 8 g e cresce nas várzeas dos rios principalmente na época das cheias na Amazônia, também foi escolhida por dois pesquisadores da Embrapa. Eles querem alavancar a produção de fruta no Brasil e tornar sua cultura mais eficiente.
Os resultados dos pesquisadores da Embrapa no cultivo da fruta permitiram a publicação do livro de bolso “A Cultura do Camu-Camu”. A leitura do mesmo traz informações sobre o manejo do camu-camu, o produtor encontrada desde conteúdo sobre as condições adequadas de clima, solo, meios de propagação e tratos culturais, até dados sobre vale nutricional, colheita, beneficiamento, conservação e rendimento industrial.
Vale destacar aos futuros produtores da fruta camu-camu em terras paulistas, que além de alimento a fruta é muito utilizada pelas empresas farmacêuticas para fabricação de cápsulas de vitaminas, vez que a mesma supera o teor da acerola em 20 vezes e o do limão em 100 vezes.
Além do mercado interno as frutas exóticas apresentam alto potencial para exportação. Essa oportunidade tem sido pouco explorada no Brasil. No caso do camu-camu, o Peru é um grande produtor e exporta a fruta para o Japão, Estados Unidos e União Europeia através da Holanda.
A Physalis, queridinha dos chefs brasileiros e encontrada no mercado paulista por preços elevados, dada sua beleza para decorar pratos e sabor doce, é originária da Amazônia e encontrada facilmente no Norte e Nordeste do Brasil. No entanto é a Colômbia o principal produtor e exportado da mesma atualmente.
Busque informações
O Sebrae também é uma fonte de informação importante para quem deseja investir no mercado de frutas exóticas. No site http://www.sebrae.com.br/setor/fruticultura/o-setor/ é possível encontrar dados sobre o setor de fruticultura e uma lista com frutas de A a Z, dentre elas constam algumas exóticas como lichia e mirtillo.
Busque também o livro: Frutas Nativas, Silvestres e Exóticas 2 – Técnicas de produção e mercado: feijoa, figo-da-índia, fruta-pão, jaca, lichia e mangaba, disponível em http://www.skoob.com.br/livro/303817-frutas_nativas_silvestres_e_exoticas_2