“Vocês aceitam cartão de prazo?”, deveria perguntar ao caixa da loja o cliente que deseja usar o cartão de crédito para efetuar o pagamento de suas compras. Por mais estranho que possa parecer, esta é a pergunta correta a ser feita.
Um estudo recente da consultoria britânica Lafferty mostra que o Brasil é um dos poucos países no mundo em que o cartão de crédito é mais utilizado como um meio de pagamento do que como meio de financiamento ao consumo. Certamente influenciados pelas taxas de juros – que passam dos 230% ao ano –, apenas 29% dos clientes não pagam as suas faturas no vencimento, ou seja, a grande maioria não utiliza o crédito rotativo do seu cartão e sim o prazo que ele dá para efetuar o pagamento à vista. Nos Estados Unidos, quase que a totalidade dos clientes utiliza o crédito rotativo e no México esse percentual chega a 73%.
A própria cultura de consumo do País explica este comportamento do consumidor brasileiro, já que somos adeptos do bom e velho fiado, e os cartões de prazo, ou melhor, de crédito, nos permitem essa prática com muito mais facilidade e comodismo: vou comprar agora e pagar depois. É o que costumo chamar de FIADO ELETRÔNICO.
Fim do monopólio no mercado de cartão de crédito
Mas o que isso tem a ver com o empresário de micro e pequena empresa? Ou melhor, o que isso tem a ver com os três milhões de micro e pequenas empresas que ainda não aceitam cartão de crédito em suas transações comerciais?
Esse número representativo de empresas que ainda não utilizam os benefícios proporcionados pela venda com cartões – vantagens que vão desde a possibilidade de aumentar as vendas e reduzir a inadimplência até a alternativa de fonte de capital de giro – é reflexo de uma indústria que até meados de 2010 operava em um sistema de duopólio. As duas maiores bandeiras do País (VISA e MASTERCARD) tinham contratos de exclusividade com as duas maiores credenciadoras do mercado (CIELO E REDECARD), o que forçava o empresário a ter no mínimo duas “maquininhas” no seu estabelecimento e, consequentemente, pagar os custos apresentados. Em resumo: não havia concorrência.
Felizmente, isso é coisa do passado e os efeitos da quebra da exclusividade devem ser aproveitados pelos empresários, especialmente por esse grande contingente que ainda não está no mercado de cartões de pagamento.
Dicas para MPEs adotarem o cartão de crédito como meio de pagamento
Tenha no seu radar 10 importantes dicas, antes de contratar o serviço de uma credenciadora de cartões:
1) PESQUISE os preços e as condições praticadas pelas credenciadoras ou pela instituição financeira que oferte a maquininha do cartão;
2) APROVEITE os benefícios decorrentes da concorrência entre os agentes deste mercado;
3) AVALIE se uma proposta de fidelização com uma credenciadora traz benefícios para a sua empresa durante todo o período;
4) CALCULE os custos totais para ter a maquininha, pois a redução nas taxa de administração pode representar mais economia do que a redução de aluguel;
5) LEMBRE que uma maquininha recebe cartões da maioria das bandeiras, mas CONSIDERE que os seus clientes podem utilizar cartões com bandeiras locais ou regionais;
6) AMPLIE os serviços oferecidos na maquininha como forma de aumentar o fluxo na sua loja: recarga de celular, vale gás etc.;
7) INOVE utilizando o celular para a captura de vendas e para dar mobilidade aos negócios;
8) COMPARE a melhor opção de capital de giro utilizando os recebíveis dos cartões de crédito (antecipação ou financiamento);
9) UTILIZE os serviços prestados pelas credenciadoras no atendimento aos lojistas, que compreendem suporte técnico, manutenção de equipamentos, relatórios gerenciais, etc..