A demanda por peixes e frutos do mar no Brasil cresce ano a ano. Somente no período de 2010-2011 a média foi de 23,7%. O aquecimento da demanda motivou a indústria do pescado a incrementar a produção, sobretudo a da aquicultura (cultivo de pescado) , que é a modalidade com mais espaço para crescimento de consumo. A produção do pescado atingindo 628,7 mil toneladas, em 2011, o que representou um crescimento de 51,2% no triênio 2009-2011. Porém, esse empenho ainda foi insuficiente para atender a demanda e o país importou pescado para o consumo interno.
Esses são apenas alguns números do mais recente Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura, divulgado em setembro de 2013, juntamente com o Censo Aquícola Nacional 2008 e o Boletim de Registro Geral da Atividade Pesqueira 2012.
O Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura é o terceiro boletim estatístico editado e publicado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
No documento, o MPA apresenta, relativamente a 2011:
- Análise do panorama geral da pesca e aquicultura mundial;
- Produção de pescado nacional, incluindo a pesca extrativa e continental, produção aquícola marinha e continental; e
- Balança comercial do pescado no Brasil.
Em 2011, a aquicultura cresceu em todas as regiões brasileiras:
Norte – Onde foi apresentado o maior percentual com crescimento médio de 126% em relação ao ano anterior, passando a produção de 41.839 toneladas para 94.718 toneladas. Este salto foi percentualmente mais acentuado ainda em Roraima, que saltou a produção aquícola de pouco mais de quatro mil toneladas para pouco mais de 25 mil toneladas (518,6%). Outro desempenho expressivo foi o estado do Amazonas. Ali a produção cresceu 132% em 2011, passando de 11.892 toneladas para 27.604 toneladas.
Nordeste – O salto foi de 35%. A produção passou de 146 mil toneladas para 199 mil toneladas de pescado, entre 2010 e 2011.
Sudeste – A média de crescimento foi de 21%, passando a produção de 71.770 toneladas para 86.919 toneladas. Minas Gerais surpreendeu. Ali a produção passou de 11.618,1 para 25.917,9 toneladas, crescimento de 123%.
Sul – A produção aumentou em média 15%, saindo de uma base de 150 mil toneladas para 172.463 toneladas.
Centro-Oeste – Apresentou outro desempenho expressivo, embora percentualmente menor: 8%; A produção, que era 69.840,1 toneladas, passou a 75.107,9 toneladas.
O Censo Aquícola Nacional – dedicado apenas a empreendimentos com finalidade comercial – identificou 15.469 produtores de pescado no continente, dos quais 13.495 de pequeno porte, 760 de médio porte e 33 de grande porte, além de mais de mil que não responderam a esse questionamento.
Do universo de produtores, 8.855 criam tilápia, sendo 41% deles na região Sul, 31% na região Nordeste, 22% na região Sudeste, 3% na região Norte e 3% no Centro-Oeste.
Na área da maricultura foram registrados 1.585 produtores, dos quais 1.274 de pequeno porte, 183 de médio porte e 63 de grande porte, além de outros 65 que não responderam à pergunta.
Perspectivas
Nos últimos anos, o Brasil, com o Ministério da Pesca e Aquicultura, passou a se estruturar para se tornar um grande produtor de pescado. O peixe é a proteína animal mais consumida no mercado internacional, onde também encontra espaço para crescer.
Em média, cada habitante do planeta consome 18,8 quilos de pescado por ano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Em 2011, a produção mundial atingiu 154 milhões de toneladas, das quais 131 milhões foram destinadas a consumo humano.
Como a pesca de captura não pode aumentar muito o chamado “esforço de pesca”, para não comprometer os estoques pesqueiros, a atividade aquícola (cultivo de pescado) está encontrando um gigantesco espaço para atender a demanda atual e futura.
Neste contexto, o Brasil, por suas características físicas e matriz energética, tem perfil para se tornar um importante produtor de pescado. A cadeia produtiva do setor envolve produção de alevinos (filhotes de peixe), ração, equipamentos, plantas de beneficiamento, conservação, transporte e comercialização.
No momento, as principais espécies cultivadas no País são tilápia e tambaqui, mas outras podem conquistar um lugar de destaque, como o pirarucu da Amazônia, que encanta a brasileiros e estrangeiros.
Sobre essa espécie, leia Pirarucu: surge uma nova realidade para a produção em escala.