“Não existe nada mais desmotivador que trabalhar com o propósito de gerar mais retorno para os acionistas, estando submetido a uma estrutura hierárquica, sendo geridos como peças de uma máquina e tendo que cumprir planos definidos por superiores”.
Após ler essa frase que faz parte de uma entrevista concedida por Renan Carvalho a revista Meu Próprio Negócio nº 121, percebi que deveria escrever um pouco sobre isso, pois foi assim que me senti durante alguns anos e é assim que seu funcionário também pode estar se sentindo.
Na entrevista, Renan aborda uma nova proposta de gestão com a promessa de que isso gera motivação para os colaboradores e sustentabilidade para a empresa.
Essa quebra de paradigma confronta o modelo tradicional da administração de Taylor e Fayol com a proposta de mudança mental das organizações tratada por Burns e Stalker, já em 1960, e adotada em empresas como Toyota, Google e a brasileira Semco.
No modelo tradicional, as organizações devem ser conduzidas com Comando e Controle (C2), ou seja, para atender os interesses do dono, a empresa se organiza em estruturas hierárquicas, modela processos-padrões, gere pessoas como recursos humanos motivados por incentivos financeiros ou a perda desses, planeja atuação ano a ano e define os líderes por outorga de poder realizada por um superior a quem prestará contas.
Já a filosofia da Organização Orgânica (O2) é composta por sete princípios básicos:
- propósito
- estrutura
- funcionamento
- pessoas
- motivação
- crescimento
- liderança
Na figura abaixo é possível ver como cada um desses itens se contrapõe aos princípios do Comando e Controle.
Um dos pontos defendidos por essa nova proposta é que a empresa se torna sustentável ao se libertar das pressões constantes em busca do resultado econômico, pois dessa forma atua com mais tranquilidade e promove uma série de ganhos: qualidade de vida, ambiente e clima agradável passam a reter colaboradores que se tornam mais comprometidos e criativos para lidar com as inconstâncias normais de mercado.
Para realizar essa mudança não há como simplesmente implementar um modelo. É necessário que a mentalidade seja entendida, absorvida e praticada pela empresa, além de o líder e os liderados gostarem de pessoas, serem humildes e terem paixão pelo que fazem.
Voltando um pouco ao meu sentimento enquanto colaborador para geração de dividendos aos acionistas, é fato que não permaneci na empresa e após esse texto consigo identificar que pode ter faltando humildade a muitas pessoas.
Autor: Ivan Tonet