Os skates, além das roupas e dos acessórios destinados ao esporte, movimentam vendas de R$ 1 bilhão no país. O setor aposta em um forte potencial de crescimento e esse otimismo é decorrente do contínuo aumento do número de praticantes da modalidade. Atualmente, estima-se que haja quatro milhões de praticantes, dos quais a maioria se concentra nas capitais das regiões Sul e Sudeste.
A pesquisa mais recente da Confederação Brasileira de Skate (CBS) é de 2009, quando o Brasil se posicionou em segundo lugar no ranking mundial da modalidade, atrás apenas dos Estados Unidos. Na ocasião, o perfil de skatista brasileiro foi estratificado por classe social, revelando que:
- 42% dos praticantes estavam na classe A e B, sendo que 8% na A e 34% na B;
- 33% na classe C;
- 25% nas classes D e E.
Porém, o aumento da prática esportiva em todas as classes sociais, independente de modalidade, tem estimulado o setor e gerado melhores expectativas para os negócios das cadeias produtivas do mercado de esportes de aventura. Isso é o que apontou a Adventure Sports Fair (ASF), feira que integra o setor, na edição de 2014.
Uma pesquisa apresentada na feira (“The Sports Goods Maket in Brazil”) revelou que o aumento da prática esportiva no Brasil aproxima-se dos mercados mais desenvolvidos. Na Classe A, somente 13% não pratica nenhum esporte, índice que sobe para 20% na B e 30% na C.
Como qualquer outro negócio, o skate também gera lixo e a perspectiva de crescimento da prática do esporte sinaliza, consequentemente, a tendência de aumento dos resíduos, sejam provenientes da produção ou do descarte pós-consumo.
A sustentabilidade nos negócios
De olho neste mercado, mundo afora, praticantes do esporte vêm desenvolvendo alternativas que demonstram algumas oportunidades de negócios sustentáveis. Um exemplo disso são as empresas EQO Optics do Colorado, nos Estados Unidos, e da Vuerich B. de Barcelona, Espanha, que, de forma criativa e inovadora, a partir do reaproveitamento de skates usados, transformaram os descartados em óculos de sol.
A marca espanhola intitulou sua linha de “Skateboard Sunglasses”, e utiliza, assim como a marca americana, shapes de skates reciclados como matéria-prima para suas armações. As camadas que compõem um skate criam variações infinitas de cores, o que fornece a cada peça um caráter único, aliado com o acabamento super detalhado.
Para criar as peças é feita uma compressa com todos os shapes recolhidos, depois tem a parte da colagem, corte, acabamento e pronto. O resultado é uma armação colorida, bem original, a prova d’água, e que flutuam. A EQO Optics criou parcerias com grupos de skatistas que doam os materiais e buscam capital por meio da campanha Kickstarter para então começar a fabricação em maior escala, marketing e distribuição. Segundo os idealizadores Jon Winfrey e Ryan Vecchiarelli o projeto vai além, e busca um futuro de skate mais sustentável e responsável.
O argentino Ezequiel Galasso, especializado na construção e no reparo de instrumentos de corda, amante do rock e do skate se juntou com Gianfranco de Gennaro Gilmour para criar uma linha de guitarras feitas com shapes de skates velhos.
O estudante de design finlandês Björn Holm, outro apaixonado por skate, em vez de jogar os skates fora, ele os transformou em pranchas de surf. Colecionando seus exemplares antigos e também os modelos usados por amigos, Holm aproveita as tábuas e pedaços de madeira para confeccionar a “Reto”, prancha de surf reciclável.
Do mar para as ruas
A prova da diversidade de produtos que podem ser desenvolvidos a partir de skates usados também impacta o segmento de móveis e decoração de interiores, que também tem se valido muito do design característico desses patins sob pranchas para oferecer ao mercado mesas, bancos e cadeiras, entre outros objetos criativos.
Porém, as oportunidades de negócios sustentáveis nessa cadeia produtiva também têm uma rota inversa. Isto é, a produção do skate a partir da reciclagem de outras matérias primas. Um exemplo disso vem do litoral do Chile, onde redes de pesca que antes eram lixo no oceano pacífico agora estão sendo recicladas para fabricar skates.
O projeto Bureo Skateboard, financiado pela Universidade Northwestern (Chicago), pelo governo chileno, além de outras doações, é iniciativa de dois jovens empresários americanos, que começaram com uma produção inicial de dois mil peças.
Em todos os oceanos, há cerca de 640 mil toneladas de redes de pesca abandonadas e este valor é apenas um décimo do total de resíduos no planeta. O Chile foi o país escolhido para o projeto porque lá funciona uma das principais indústrias pesqueiras do mundo.
Dicas para o desenvolvimento de produtos
Assista ao vídeo no link abaixo a respeito de inovação, que aborda importantes dicas para projetos de desenvolvimento de novos produtos:
Veja também mais conteúdos relacionados ao tema em:
- Pesquisa Datafolha 2009 – Praticantes de Skate