Após anos de forte estiagem a pecuária no Rio Grande do Norte vive um momento de recuperação gradual. O momento é de recompor o rebanho e implementar medidas de convivência com a seca em longo prazo. Os produtores buscam repor as perdas que tiveram com a estiagem. De acordo com informações da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (FAERN), o setor sofreu uma retração de cerca de 40% nos últimos três anos, provocada por fatores, como defasagem no programa do leite, venda de parte do rebanho para salvar o restante e a morte do gado em função da seca. Assim provocando uma grande queda na produção de leite e carne.
Para o presidente da FAERN, José Álvares Vieira, o cenário é desolador porque falta uma política de desenvolvimento da agropecuária, o Estado não dá segurança hídrica às propriedades com a interligação das bacias hidrográficas como já acontece no Ceará e, principalmente, uma política de garantia de renda para os produtores.
Na avaliação de José Vieira, a solução seria o governo criar um fundo de aval para dar garantia aos criadores que ficaram sem patrimônio. Com uma contrapartida de R$ 5 milhões do governo, por exemplo, seria possível alavancar mais R$ 20 milhões junto às instituições financeiras, tendo o governo como avalista dos produtores. “Em outras épocas, esse tipo de iniciativa deu certo e o índice de adimplência foi de quase 100%”, defende. Ele também enfatiza que há uma carência no segmento por assistência técnica de qualidade, já que, segundo José Vieira, a EMATER está totalmente desestruturada e cujo modelo precisa ser revisto.
Para amenizar a situação, o Sebrae no Rio Grande do Norte tem disponibilizado ações para fortalecimento da cadeia produtiva ao levar às propriedades rurais consultorias especializadas em gestão, biotecnologia, controle e qualidade, através dos programas Balde Cheio – uma parceria com o Banco do Nordeste e prefeituras locais – e do Gene Leite / Gene Corte, implementado conjuntamente com o Instituto Biossistêmico (IBS), com sede em Piracicaba (SP). A meta é as ferramentas de capacitação para reverter o quadro de déficit deixado pela crise que atingiu o setor nos últimos anos.
Os projetos estão disponíveis aos produtores e respondem a necessidades diversas, por isso, muitos deles são atendidos por mais de uma das ações. Integram ainda a cartela do Programa de Leite e Genética do Sebrae-RN, os projetos Rufião Móvel, Vaca móvel – duas unidades laboratoriais itinerantes que promovem melhorias tanto no leite quanto no gado. Juntas essas ações atendem cerca de 150 produtores.
Ovinocaprinos – Diferente da bovinocultura, a produção de leite e carne de ovinos e caprinos não foi tão impactada pela falta de chuvas dos últimos dois anos, já que esse tipo de rebanho é mais resistente à estiagem. De acordo com levantamento feito pelo Sebrae-RN, a produção de leite de caprinos por dia chega a 9,3 mil litros nos seis principais polos produtores do estado. Apenas 2% desse total não são vendidos ao Programa do Leite, do Governo do Estado.
O rebanho potiguar de ovinocaprinos está estimado em mais de 860 mil reses. E o número de animais abatidos mensalmente em frigoríficos legalizados chega a 350 cabeças, mas boa parte da carne desses animais é obtida de maneira irregular, obtida em abatedouros clandestinos.
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Fonte: Sebrae.com.br