A água é um recurso natural com grande valor “econômico, social e ambiental”. É essencial para a vida e para a economia. No entanto, ainda é pouca a percepção de seu valor. O volume de água no planeta é estável, mas a sua disponibilidade varia bastante, de acordo com a região. Sabe-se que 97,5% de toda água na Terra é salgada, e está nos mares e oceanos, apenas 2,5% é doce. Desta parcela, 1,72% está congelada nos polos Sul e Norte e geleiras no alto de montanhas e 0,75% são águas subterrâneas. Faz parte da constituição das plantas e animais, 0,02%, restando apenas 0,01% de toda água do planeta disponível em rios, lagos e represas. Mesmo onde existe em abundância, a água pode se tornar escassa para os seus múltiplos usos, em virtude da poluição, da degradação ambiental e das mudanças climáticas, provocadas pelas atividades humanas.
Entre os usos da água destacam-se os de geração de energia, produção agropecuária e industrial, consumo doméstico, entre outros. O uso intensivo exigido pela humanidade, atualmente, provoca impactos que excedem a capacidade dos mecanismos naturais de purificar a água. Está claro para os especialistas que atualmente a utilização da água requer um planejamento avançado, para garantir a sua disponibilidade permanente, o que quer dizer implantar o seu “uso sustentável”. Existem diversos documentos e declarações globais em defesa das águas. Em 1996, foi criado o World Water Council (Conselho Mundial da Água), que debate anualmente a questão no Fórum Mundial da Água, com participação dos principais países do mundo. Entre nós, a utilização da água é regulamentada pela Lei 9433, de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criando a estrutura necessária para uma gestão integrada das águas.
A diversidade de usos da água é tão grande que qualquer usuário desse recurso natural é obrigado a obter uma outorga junto ao órgão público responsável. Não existem águas particulares, ou seja, pela lei todos os lagos, rios ou cursos d’água são públicos. A responsabilidade sobre eles é dos municípios Estados e federação, de acordo com sua abrangência, mesmo que localizados em terras particulares. Por isso, qualquer atividade que altere a quantidade ou a qualidade da água existente em um local passa pelo controle público. Atividades nas margens de veios aquáticos, por exemplo, têm restrições severas, para preservar a qualidade da água. É importante consultar os órgãos competentes antes de iniciar qualquer atividade nestes locais, considerados APPs (Áreas de Preservação Permanente).
A proteção das águas está intimamente ligada à proteção das matas. As árvores bombeiam a água do subsolo com suas raízes, transportando-a na forma de seiva até suas copas. Ao transpirar pelas folhas, deixam o ar úmido ao seu redor. Umidade esta que forma nuvens e um regime de chuvas que abastece não só as áreas locais, mas também regiões distantes, num fenômeno batizado de “rios voadores”.
Da mesma forma, toda mata em torno de cada curso d’água exerce o importante papel de proteger a qualidade da água. As matas ciliares, a vegetação em torno do manancial, protege o seu leito, retendo sujeira e terra que causam o assoreamento. Além disso, ameniza a temperatura e preserva a quantidade da água presente. As matas ciliares são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e há uma legislação específica para protegê-las. É importante consultar os órgãos ambientais competentes antes de realizar qualquer alteração nestes locais.
O regime de chuvas é fundamental para o abastecimento dos mananciais e a preservação da água. A impermeabilização do solo nas aglomerações urbanas e as mudanças climáticas têm trazido alterações significativas neste fator. Secas e inundações se alternam, hoje em dia, em locais onde antes não ocorriam. Isto exige uma preocupação crescente com a mitigação e a adaptação, com medidas preventivas capazes de reduzir as ocorrências e de preparar a população para enfrentar o problema.
As águas pluviais também precisam ser gerenciadas, especialmente nas regiões onde há escassez. Nestes casos, armazenar água de chuva pode ser uma das soluções para contar com água limpa durante todo o ano. O gerenciamento das águas pluviais tem grande importância também nos grandes centros urbanos, onde ocorre uma demanda crescente, exercendo uma pressão constante sobre os serviços de fornecimento de água tratada e sobre as reservas disponíveis. O armazenamento e a utilização da água da chuva em diversos usos urbanos podem não só reduzir essa pressão como também ajudar no combate a enchentes.
É preciso destacar que o consumo humano direto de água é baixo se comparado ao uso para irrigação e industrial. Existe um custo em água escondido em praticamente tudo que consumimos. Esta água “invisível” é também chamada de “água virtual”. Um computador, por exemplo, que parece não ter conexão alguma com uso de água, precisa dela para a fabricação de alguns de seus componentes. Além disto, seu transporte pode ter sido feito com veículos movidos a biodiesel ou a etanol, onde a água foi essencial para o crescimento da planta utilizada na produção do combustível. A construção civil é outra grande consumidora de água e toda nova obra ou reforma usa litros de água para misturá-los ao cimento e massa de concreto.
O consumo de qualquer produto deve ser responsável, priorizando o necessário, o suficiente, e evitando supérfluos e excessos para equilibrar a interação homem, natureza. Além disso, é preciso dar preferência para os produtos fabricados com responsabilidade socioambiental, com um ciclo de vida bem estabelecido, onde o tratamento e a recuperação da água utilizada são partes do processo. Isto inclui o consumo de alimentos, pois a água “virtual” está presente em cada elemento que digerimos.
Acompanhe mais matérias como esta na seção de Agro do Sebrae Mercados.
Fonte: Sebrae.com.br