Como em todos os anos, nesta época fazemos um balanço de nossas ações, avaliamos os resultados alcançados, redefinimos as estratégias para o ano que se inicia e prometemos que a partir de agora tudo será diferente e melhor.
Esse cenário de balanço, na vida pessoal ou profissional, marca simbolicamente o fim de um período e o início de outro, motivado especialmente pela desaceleração proporcionada pelas festividades natalinas e pelo encerramento do ano civil.
Do ponto de vista dos pequenos negócios não poderia ser diferente e, neste post, vamos procurar retratar o que pode ser comemorado em 2012 sob a ótica do acesso a serviços financeiros.
O primeiro ponto a destacar, sem dúvida, foi o movimento de queda dos juros capitaneado pelos bancos públicos e acompanhado, em menor intensidade, pelos bancos privados. Os juros caíram, em média, 30% nas concessões para capital de giro. Se, por um lado, esse movimento não proporcionou a ampliação do acesso dos pequenos negócios (cresceu 10,5% até setembro/2012) na mesma intensidade da verificada pelas empresas de médio (13,6%) e grande porte (17,3%) nesse mesmo período, por outro, pelo menos aqueceram o mercado de renegociação das dívidas, proporcionando às micro e pequenas empresas a oportunidade de buscar melhores condições de custos e de prazo.
Outro ponto importante foi o posicionamento das instituições financeiras no atendimento das micro e pequenas empresas (MPE). O BNDES, por exemplo, investiu fortemente no empresário de pequena empresa, com a disseminação do Cartão BNDES, projetando fechar 2012 com 800 mil operações realizadas e R$ 11,4 bilhões concedidos, dos quais 89% foram destinados a empresas que faturam até R$ 2,4 milhões por ano. As instituições financeiras públicas e privadas fortaleceram os canais de atendimento aos pequenos negócios, criando agências especializadas em MPE, capacitando gerentes com foco em pequenos negócios, criando atendimentos unificados para o empresário e para a empresa e direcionando suas atenções de produtos e serviços para as pequenas empresas.
Para o empreendedor individual – um contingente de 2,6 milhões de empresas formalmente constituídas e que em alguns estados já são mais representativos do que as micro e pequenas empresas –, houve movimento das instituições que operam com microcrédito, proporcionando crescimento. Neste segmento específico, segundo o Banco Central do Brasil, houve aumento de 221,3% no volume de microcrédito entre janeiro de 2010 e junho de 2012, impulsionado não só pelo aumento do número de contratos (152%), mas também pelo aumento do valor médio destes contratos (27%). Além disso, por conta de um trabalho muito bem articulado pelo Sistema Sebrae, as grandes instituições financeiras perceberam a relevância desse nicho de mercado e começaram a se posicionar com produtos específicos, especialmente no que tange a serviços bancários.
Por falar em serviços bancários, não podemos deixar de mencionar os avanços na indústria de meios eletrônicos de pagamento, que após a quebra da exclusividade em 2010 e queda dos custos em 2011 reservou para este ano o momento da entrada de novos players e tecnologias no mercado, trazendo mais concorrência ao setor. Também vale destacar o avanço das discussões em torno dos pagamentos via celular (mobile payment), que, com o envolvimento do Ministério das Comunicações e do Banco Central do Brasil para a criação do marco regulatório em 2013, deve se estabelecer como uma ferramenta importante de inclusão financeira dos pequenos negócios e alternativa para recebimento com cartões de crédito, em especial pelo empreendedor individual.
E para 2013, o que esperar?
O contexto de um crescimento maior da economia no próximo ano é o pano de fundo para que os pequenos negócios também possam prosperar. A ampliação do acesso e a diminuição dos custos podem ganhar, com a regulamentação do Cadastro Positivo, um forte aliado no avanço em direção ao aumento da eficiência na concessão de crédito. Além disso, o olhar para o segmento das micro e pequenas empresas e empreendedores individuais, por parte das principais instituições financeiras de varejo do país, do cooperativismo de crédito e das instituições de microcrédito, na busca de produtos e serviços customizados para esse público, deverão ser as alternativas para atuarem em um mercado em que apenas um terço das micro e pequenas empresas e 10% dos empreendedores individuais acessam a crédito. Por fim, destacamos as ações de inclusão financeira dos pequenos negócios, que passa pela educação financeira e levará ao fortalecimento das relações com o sistema financeiro nacional, da qual o Sebrae é ator importante na capacitação, na orientação qualificada e na articulação com os principais atores desse mercado.