O Brasil destaca-se no mundo contemporâneo por ser um dos países com maior participação na oferta de energia de fontes renováveis, que corresponde a 44,4% do total de sua oferta energética em 2006, enquanto a média mundial é de 13,2%.
O desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias mais limpas acompanhadas de legislações incentivadoras transformam as fontes renováveis em opção para um desenvolvimento sustentável, associando beneficamente as questões sociais, econômicas e ambientais.
Em geral, pode-se afirmar que toda a atividade agropecuária produz resíduos e dejetos, entendidos como biomassa, que podem ser insumos para a produção de energia e biofertilizantes. Observa-se uma grande variedade de resíduos, dada a grande extensão territorial brasileira e o dinamismo das atividades agropecuárias de produção extrativista, agrícola e animal. Alguns desses resíduos, com semelhanças dentro do território brasileiro e outros derivados das singularidades regionais, contudo com potencial de transformação em insumo energético.
A transformação em energia dos resíduos depende de fatores, como volume dos insumos, da logística, do processo tecnológico empregado, como disponibilidade de tecnologia e da viabilidade econômica.
Com vistas a atender os pequenos negócios existentes e os futuros empreendimentos nas cadeias agroenergéticas foram adotados critérios combinados para a seleção das produções agrícolas e das criações de animais:
a) identificação de setores agropecuários com maior presença de pequenas propriedades ou ainda com potencialidade de negócios para pequenos empreendimentos;
b) desenvolvimento de fontes renováveis para o suprimento de processos agroindustriais nas pequenas comunidades isoladas;
c) a existência de processos tecnológicos adaptados a empreendimentos rurais de pequeno porte; e d) o potencial de aproveitamento energético dos resíduos e dejetos.
Tais critérios aplicados ao conjunto das atividades agropecuárias permitem focalizar os seguintes setores:
a) na produção agroextrativa, o açaí, o cupuaçu e o baru;
b) na produção agrícola com a seleção das culturas temporárias, as produções de mandioca e de arroz, e para a cultura permanente, a produção de coco;
c) na produção animal, as criações de bovinos, suínos, caprinos, ovinos e aves.
Os setores selecionados apresentam excelentes perspectivas para a transformação de seus resíduos em insumo energético, tanto para a obtenção de gás e biogás como na produção de compactados, briquetes.
Alguns desses setores têm presença significativa de empreendimentos de pequeno porte, como revela o estudo elaborado em 2000, dentro do projeto de cooperação técnica da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Constata-se que, utilizando as informações desse estudo, o qual considerou o valor bruto de produção, a partir do censo agropecuário 1996 como referência para os setores selecionados, a participação da pequena produção, em termos Brasil, varia conforme o tipo de produção e região, segundo a dinâmica econômica dos setores. Para os setores selecionados, a pequena produção participa com 83,9% na cultura temporária da mandioca e 30,9% na cultura de arroz; e na produção animal, com 58,5% na suinocultura, 52,1% na pecuária leiteira e com menores participações na avicultura e na pecuária de corte.
Entretanto, os recortes regionais apresentam configurações da participação da pequena produção de forma diferenciada, à exceção da produção de mandioca que tem distribuição praticamente homogênea, revelando, portanto, oportunidades distintas de projetos.
Obtenha mais informações sobre energia renovável na Cartilha Uso de resíduos e de dejetos: como fonte de energia renovável
Fonte: Sebrae.com.br