A “economia criativa” é definida pela Secretaria da Economia Criativa, do Ministério da Cultura, como sendo os “setores criativos cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica”.
A diversidade cultural e natural do Brasil torna muito expressivo o valor da produção da economia criativa, o que permite antever oportunidades efetivas durante os megaeventos (Copa das Confederações em 2013 e Copa do Mundo em 2014) em segmentos relacionados ao entretenimento, lazer, cultura e gastronomia. Sem mencionar o artesanato e o turismo, que devem ser promovidos de forma específica.
A coordenadora do programa de economia criativa da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Edna Duisenberg, entende que a economia criativa “constitui uma abordagem holística e multidisciplinar, lidando com a interface entre economia, cultura e tecnologia, centrada na predominância de produtos e serviços com conteúdo criativo, valor cultural e objetivos de mercado”. É, portanto, grande gerador de negócios com perfis de investimentos acessíveis e apelos de mercado diferenciado.
É evidente que durante os dois eventos esportivos, que, somados, devem proporcionar cerca de 45 a 60 dias de intensa demanda, o consumo de bens da economia criativa será mais visível. No entanto, com a ostensiva exposição do Brasil a partir de agora, já que todos os holofotes estarão voltados para nós, as oportunidades de negócio já existem e devem ser bem aproveitadas por empreendedores e agentes de promoção, sejam privados ou públicos.
Uma das formas de criar canais de negócios é promover a aproximação com os veículos de comunicação que farão a cobertura jornalística dos eventos, pautando-os com informações e demonstrações do que representa a diversidade da economia criativa brasileira, tornando a experiência inesquecível.
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS
No período dos dois eventos, acontecem ciclos de festas populares que poderão permitir, além dos negócios existentes, uma forma diferenciada de oportunidades. Se a estratégia de comunicação for eficiente, poderemos ver ampliado o universo de interesse do público para além de jogos.
No Nordeste, que concentrará em três cidades sede (Salvador, Recife e Fortaleza) boa parte dos jogos da Copa das Confederações em 2013, acontecem as festas juninas, eventos de grande atração turística e cultural da região. Um grande destaque fica para Caruru, em Pernambuco, e – por que não? – Campina Grande, na Paraíba.
No Norte, além de todo o apelo relacionado à Amazônia, tem um dos mais reconhecidos eventos do calendário da cultura brasileira: o boi-bumbá no Festival Folclórico de Parintins. Outras festas religiosas acontecem no Amazonas: a Festa de Santo Antônio de Borba, em Borba, e o Festival Folclórico de Tefé, em Tefé.
Nas regiões Centro-Oeste (com o produto diferenciado Pantanal), Sudeste e Sul, também poderão ser potencializados os ciclos de festas que compreendem manifestações de natureza religiosa, cívica, comemorativas a fundação das cidades e festivais.
GASTRONOMIA
As matrizes culinárias brasileiras reproduzem a “comida do lugar” e possuem uma riqueza de variedades e combinações a partir de três principais eixos: mandioca predominante do Norte e no Nordeste, o côco e o dendê com forte utilização na Bahia e os produtos derivados do milho cuja identificação mais forte é a região mineira. Outras culinárias locais como as do Sul e Sudeste caracterizam e identificam essas “comidas”.
Neste particular, assim como nós, brasileiros, degustamos e reconhecemos como variações gastronômicas do Brasil as culinárias italianas, japonesa, chinesa, mexicana, entre outras, devemos preparar projetos consistentes que possam ser exportados para o visitante e divulgar as gastronomias brasileiras regionalizadas.
Podemos e devemos focar essa possibilidade e desenvolver oportunidades de negócios, como valor agregado aos nossos atrativos e como produtos manufaturados de consumo doméstico e para exportação.
Promovemos anualmente vários festivais gastronômicos pelo país inteiro. Portanto, temos o instrumento. É preciso organizar e estruturar para que esses eventos sejam produtos que gerem oportunidades de negócios e fortaleçam esse segmento econômico que é um grande empregador, gerador de renda e capaz de influir na mudança das economias de pequenos territórios e cidades.
É importante destacar o papel das micro e pequenas empresas para impulsionar a economia criativa como estratégia de desenvolvimento, considerando principalmente características: como distribuidoras de produtos e serviços; maior facilidade de empreender em função de menores barreiras de entrantes; diversidade no portfólio e exposição e tolerância a riscos impulsionada por novos talentos e projetos.
Um exemplo da atuação dos pequenos negócios em megaeventos pode ser relacionado aos mercados editorial, musical, espetáculos e de software.
Esse é um bom caminho.