A pandemia deixou suas sequelas em diversas áreas da sociedade atual – dentre elas, o mercado financeiro sofreu grandes períodos de instabilidade, como o nicho imobiliário. Porém, com a mesma rapidez que se desvalorizou, o setor vem em um crescimento exponencial e sem perspectiva de diminuir.
O sócio-fundador da SI ADvisors Rony Susskind, em entrevista ao Estadão, fala sobre as dificuldades que se projetaram com a pandemia. “Achávamos que a crise poderia afetar bruscamente nossos negócios, principalmente quando fomos proibidos de entrar nos apartamentos para continuar a reforma, mas foi justamente neste período que montamos nosso e-commerce, nossa marcenaria e marmoraria. A crise, para nós, representou a abertura de três novos negócios muito interessantes”, diz Rony.
Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o setor ainda tem uma previsão de crescimento de 30% para 2021. Segundo os dados fornecidos, somente no primeiro trimestre, os financiamentos cresceram 113%, em comparação com o mesmo período de 2020.
De acordo com a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), devido à pandemia, as pessoas tiveram de ficar mais tempo confinadas dentro de suas casas, seja pelo isolamento, quarentena ou até mesmo home office, o que acabou aumentando o interesse por lares maiores e condomínios com áreas de lazer.
A Ademi aponta que os clientes ainda possuíam fácil acesso a imobiliárias e corretores, e, com a pandemia, os anúncios online cresceram exponencialmente, facilitando a vida destes profissionais, que passaram a realizar visitas de modelos decorados online.
A baixa histórica da taxa Selic para 2% – a taxa de juros que regula todas as outras – também contribuiu muito para a recuperação do mercado de imóveis. Mesmo com uma tendência de alta, que, segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), pode chegar a 7,5%, o setor continua otimista e projetando aumento de demanda.
Com isso, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em julho de 2020, o volume de crédito imobiliário chegou a R$ 10,8 bilhões – aumento de 61,5% em relação ao mesmo período de 2019.
Segundo a última pesquisa do Datastore, realizada ainda em 2021, o índice de intenção de compras no segmento popular, médio padrão e alto luxo por todo o país é de cerca de 29%. Ainda de acordo com os dados fornecidos, 14,5 milhões de famílias pretendem adquirir um imóvel nos próximos 24 meses. O cenário abre possibilidade para diferentes modalidades de compra, como leilão de imóveis, financiamento e compra à vista.
No final das contas, o mercado imobiliário é um dos setores que mais têm chances de sair desta pandemia com a “cabeça erguida”. Com uma projeção de alta e ótimas oportunidades de negócios, acaba sendo um porto seguro para investidores, em meio a uma época de tantas incertezas.