Evento realizado em Brasília, entre os dias 4 e 6 de maio, apresentou cases de inovação e sucesso entre os pequenos e médios produtores do setor
Por Pedro Valadares*
A Semana Sebrae do Agronegócio 2010 contou com a participação de vários pequenos e médios empreendedores atendidos pelo Sebrae e de representantes de entidades do setor que contaram caminhos para obter sucesso nos negócios.
As principais tendências apresentadas foram:
- Produção de “alimentos de conforto”, ou seja, frutas embaladas prontas para o consumo;
- Enaltecimento de propriedades saudáveis (exemplos: na prevenção de alergias e aumento da resistência do organismo) das frutas em embalagens, etiquetas, entre outros;
- Agregação de valor aos produtos ou buscar parceiros na indústria alimentícia;
- Investimento em certificação e desenvolvimento sustentável;
- Estabilização e crescimento da adoção da rastreabilidade.
Tendências na prática
Márcio Milan, diretor de relações institucionais do Grupo Pão de Açúcar, ressaltou que a apresentação do produto é um fator determinante no momento da decisão de compra. Ele deu o exemplo da laranja: se o produtor oferecer o produto em saco de 20 quilos, há pouca chance de ele conseguir que a empresa opte pelo seu produto. No entanto, se ele levar as laranjas pré-selecionadas, em uma embalagem trabalhada, com o selo de garantia de qualidade do produto, as chances de venda aumentam consideravelmente. Milan também destacou que é importante que o produtor vá até a empresa oferecer suas vantagens e não espere a empresa procurá-lo.
Parcerias
Outro fator que facilita o acesso a mercados é a associação com grandes empresas. Foi o que mostrou Mário Lago, gerente comercial da Cocajupi – Central de Cooperativas de Cajucutura do Estado do Piauí. A entidade conseguiu elevar suas vendas por meio da parceria com uma grande empresa já estabilizada no mercado que passou a realizar a distribuição do produto.
Associativismo
O exemplo da Cocajupi evidencia também outra estratégia de acesso a mercados: o cooperativismo. A importância do fortalecimento da cultura associativa também foi destacada por Osvaldo Dias, presidente da Associação de Produtores de Acerola de Junqueirópolis, que considera que ainda há resistência a essa forma de organização. “É incrível, mas muitas pessoas ainda não perceberam que a melhor forma de fazer as coisas é em grupo”, disse Dias.
O cooperativismo também possibilita a sobrevivência dos pequenos produtores frente a instituições maiores por meio da produção de maneira solidária, como ficou evidenciado pela experiência da Cooplap – Central de Negócios da Cooperativa dos Produtores de Leite de Parainuna.
Segundo Renato Pazzini, presidente da entidade, a Cooplap decidiu seguir uma estratégia diferente das grandes cooperativas locais . Pazzini explicou que, apesar de pagarem um preço mais alto pelo leite, essas entidades nada investem na infraestrutura e na capacitação dos pequenos produtores, o que os impede de agregar valor ao seu produto. Com isso, o produtor perde competitividade e acaba obrigado a encerrar as atividades.
A Cooplap, por outro lado, mesmo pagando um preço menor pelo leite inicialmente, reverte parte dos lucros em infraestrutura comunitária e capacitação. Desssa forma, não há perda para os produtores, pois, as melhorias ressultam em um ganho de valor agregado do produto e possibilitam aos associados um crescimento contínuo e sustentável.
Pedro Valadares é da Unidade de Acesso de Mercados do Sebrae Nacional.