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Qual o grau de proximidade entre cooperativas de crédito e MPE?

Os pequenos negócios brasileiros representam cerca de 99% de todos as empresas existentes no País. Considerado apenas este indicador já dá para saber que esses negócios representam enorme oportunidade de mercado para os agentes financeiros existentes no Brasil, incluindo as cooperativas de crédito.

Ao meu ver, as cooperativas de crédito mantêm algumas vantagens competitivas em relação aos demais agentes financeiros de mercado: possuem o que chamamos de finanças de proximidade, dado suas características regionais. Além disso, muitas são constituídas por entidades de representação da classe empresarial e geridas por empresários da própria comunidade, ou seja, podem atuar com mais dinâmica na economia local por, teoricamente, entenderem melhor o mercado da região.

Nas minhas andanças pelo Brasil e conversando com dirigentes e executivos, percebo que algumas dessas instituições já se deram conta do potencial que é oferecer serviços para MPE, e vem buscando exercer esse diferencial. É o que mostra pesquisa lançada pelo Sebrae durante o III Fórum Nacional de Cooperativas de Crédito de MPE, que ocorreu mês passado. De acordo com o levantamento, 95% das cooperativas de crédito indicam que o crescimento do número de associados não representa um risco de continuidade, ou seja, elas têm capacidade de ampliar o seu atendimento das MPE.

Barreiras para o crescimento

Em contrapartida, restrições de ordem interna podem comprometer a ampliação do número de micro e pequenas empresas e empreendedores individuais no quadro de associados. A pesquisa aponta que uma minoria, cerca de 16,3% das cooperativas pesquisadas, identifica barreiras internas para a ampliação do número de sócios pessoas jurídicas. São fatores impeditivos a falta de linhas especificas, a não obtenção da livre admissão e restrições estatutárias.

Entretanto, para 83,7% dessas instituições as barreiras internas não são fatores impeditivos para o crescimento da relação entre MPE e cooperativas de crédito. Ora, então, o que estará impedindo maior aproximação? Porque não avançar mais ainda? Será empecilho a concorrência dos bancos ou aumento da competitividade? Será a redução dos custos, inclusive para o associado pessoas jurídica de pequeno porte? Será dificuldade para melhorar o atendimento das MPE por meio da ampliação da rede? Será a falta de produtos para o segmento empresarial?

Ou será que há dificuldade para o desenvolvimento de novos produtos e para a captação de recursos em novas fontes funding? Ou será que é “culpa” das MPE por desconhecerem o cooperativismo de crédito brasileiro? Ou será medo da inadimplência? Ou será a falta de tecnicidade mais inovadora das cooperativas de crédito no processo de análise e mitigação do risco associado ao atendimento consultivo e orientado às MPE?

É importante destacar que a nova postura concorrencial dos bancos públicos, que estão reduzindo as taxas de juros – o que vem sendo seguido de forma acanhada pelas instituições privadas –, poderá agravar a situação.

De fato, considero que as cooperativas de crédito já possuem produtos e serviços financeiros que atendem de forma básica às necessidades de micro e pequenas empresas e dos empreendedores individuais. E o Sebrae tem buscado constantemente estimular esse debate, por meio de fóruns que realiza e apoia; pesquisas e boletins de mercado; e por sua contribuição no fomento a boas práticas de atuação nas cooperativas de crédito, a fim de beneficiar as micro e pequenas empresas e empreendedores.

O debate está aberto para todos os empresários de pequenos negócios associados a cooperativas de crédito, dirigentes e técnicos cooperativistas, órgãos de regulação e apoio ao cooperativismo de crédito. Opine!

Edição: Fernanda Peregrino, da F&C Comunicação e Projetos

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