Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em julho deste ano apontou que os empreendedores individuais, figura jurídica que já chega ao relevante universo de 3 milhões de formalizados com CNPJ, ainda não estabeleceram com as instituições financeiras uma relação que possibilite utilizar os produtos e serviços bancários adequados para a sua condição de pessoa jurídica.
É possível que, dentre os motivos desse distanciamento entre o empreendedor individual e os bancos, esteja o fato de que muitos dos formalizados tenham mantido o vínculo de pessoa física, adquirido com o banco de relacionamento ao longo dos anos. No entanto, como é comum ao segmento dos pequenos negócios, deve-se considerar também que esse empreendedor não tem acesso a informações que permitam avaliar os benefícios que a condição de pessoa jurídica pode trazer para o seu negócio, já que ainda mistura suas finanças pessoais com as empresariais.
E nesse ponto o Sebrae tem atuado de forma efetiva, com uma abordagem apropriada e decodificada, utilizando ferramentas adequadas e eficientes para a educação financeira desses empreendedores. Essa materialização se dá, por exemplo, por meio da Oficina Sei Controlar o Meu Dinheiro e de um conjunto de cartilhas, vídeos, mensagens de SMS e orientações presenciais nos pontos de atendimento da instituição.
Contudo, é preciso avançar; e os bancos são importantes aliados nessa empreitada de inclusão dos empreendedores individuais ao sistema financeiro nacional. Para isso, é necessário que o banco esteja atento a três importantes aspectos para o atendimento desse nicho de mercado.
O primeiro passo é perceber a relevância do segmento e as possibilidades de negócios que podem ser geradas, pois, considerando o universo de formalizados e o faturamento de enquadramento do EI, estamos falando em algo em torno de R$ 180 bilhões por ano.
Além disso, entender as características desse empreendedor, especialmente na forma como se relaciona com os seus clientes e fornecedores (incluindo os bancos), é um importante fator para intensificar a oferta de produtos e serviços customizados e em formatos de comercialização diferentes dos disponibilizados nas agências bancárias, locais que esse público não costuma frequentar.
Finalmente e não menos relevante, o valor agregado é bem-visto pelo Empreendedor Individual, especialmente se a materialização desse “bônus” se der nas formas que ele mais carece de ajuda: gestão empresarial e educação financeira.
No Fórum Mundial de Negócios Sociais, realizado em outubro no Rio de Janeiro, foram apresentados diversos casos no Brasil e no mundo que mostram, pelas ações colaborativas, a real possibilidade de se promover a inclusão produtiva de pequenos negócios pelo olhar da sustentabilidade, contemplando as questões sociais, ambientais e econômicas.
Nesse contexto, é fundamental que os grandes bancos que atuam no país busquem associações estratégicas para que a inclusão financeira seja uma prática recorrente e não apenas forma de reconhecimento de um caso de sucesso a ser apresentado nos congressos e fóruns sobre o tema.
Para os empreendedores, por sua vez, é necessário perceber que o crescimento e fortalecimento do negócio passam por capacitação, não só como ferramenta para aprimoramento da gestão empresarial, mas também, no caso do acesso a produtos e serviços financeiros, como importante fator de mitigação de risco.