Em um ano de dificuldades financeiras a maior parte dos empreendedores pensa em cortas custos com comunicação. Entretanto isso pode trazer um impacto ainda mais negativo. Mas como divulgar sua marca, produtos e serviços com custo menor e eficiência? É possível planejar ações efetivas sem necessariamente gastar muito. Às vezes, é só questão de ajustar o jeito de atender o público, usar recursos gratuitos de forma criativa ou até mesmo demonstrar seus serviços sem cobrar nada para atrair a atenção do cliente.
O primeiro passo para iniciar uma estratégia de marketing é identificar o público-alvo e onde ele se encontra. Segundo o consultor de marketing do Escritório Regional do Sebrae-SP Capital Leste II, Marcelo Sinelli, muitos empreendedores têm dificuldades em dizer quais são seus clientes, afirmando que “vendem para quem quiser comprar”, porém, a generalização pode ser um erro. “O empresário deve focar suas ações no consumidor certo, aquele fiel que fará a propaganda boca a boca e será o principal ‘vendedor’ da marca por estar satisfeito, afirma. Definido o público, o próximo passo é identificar o ambiente que esse cliente em potencial frequenta. “Se ele não utiliza a internet, não faz sentido criar uma página em rede social ou planejar ações publicitárias na web. Se ele está nas ruas, então é mais interessante investir em atendimento e publicidade visual”, explica Sinelli.
Desde que foi inaugurada, em 2007, a loja de roupas femininas Dona Miróka Modas, de Santo André, tem em seu DNA o atendimento personalizado e intimista. O desafio maior aconteceu quando a loja começou a crescer e atender novos compradores. Os sócios tiveram de padronizar processos internos e treinar funcionários para servir da melhor forma. Nesse momento, as redes sociais foram importantes ferramentas para encurtar a distância entre as compradoras e a loja. “O Facebook é o nosso principal canal de marketing e de retorno de faturamento. As clientes ficam surpresas pela forma como a empresa mantém o bom atendimento, mesmo na plataforma online. As redes sociais demandam tempo e respostas rápidas para as questões que as pessoas fazem, então, apesar de ter o custo baixo, exige trabalho sério”, aponta o sócio e gerente financeiro da empresa, Hebert M. de Sousa Vidigal.
A loja conseguiu transportar para a fan page (página empresarial) o mesmo tratamento que dá pessoalmente às clientes, estendendo seu diferencial para um número bem maior delas e reforçando sua identidade. Na plataforma, os administradores da Dona Miróka divulgam roupas que as compradoras experimentaram no estabelecimento, tecendo comentários elogiosos e em tom de dicas de moda para que outras pessoas possam elaborar o próprio figurino com base no modelo postado.
Ideias simples
Com um produto inovador, mas com poucos recursos para investir em divulgação, o proprietário da GED Inovação, Gabriel Estevam Domingos, precisava tornar conhecida sua invenção: a Ecotinta, uma tinta acrílica feita com resíduos gerados pelas indústrias de fertilizantes. A saída encontrada foi firmar parcerias com prefeituras e outras entidades para a recuperação de muros e fachadas degradadas, em troca de publicidade. Basicamente, a GED pintava as propriedades, mostrava seu produto e, ao mesmo tempo, comprovava seu diferencial: não agredir o meio ambiente e ser seguro. “Essas ações geraram muita divulgação espontânea em jornais e sites importantes, que reforçaram nossa identidade sustentável e a preocupação com o meio ambiente. Além de demonstrar na prática que nossa tinta é eficaz e tem qualidade”, afirma.
Apesar dos gastos com material e mão de obra para execução do trabalho de pintura, a publicidade gerada pelas ações compensa, segundo Domingos, pois repercute em redes sociais, sites e outros meios, retornando em forma de novas parcerias, convites para palestras sobre o tema e possíveis contratos. A empresa se prepara agora para iniciar a venda do produto no varejo, que custará até 30% mais barato em relação à tinta acrílica convencional, segundo o empresário.
No mesmo segmento, o varejo RT Tintas, da cidade de Jandira, inovou na maneira de fazer publicidade quando enxergou uma deficiência na coleta de lixo no município. Havia poucas lixeiras nas ruas ao redor da loja, por isso, os proprietários tiveram a ideia de utilizar as latas de tintas vazias para coletar resíduos, adaptá-las e colocar o logotipo da empresa. A ação foi um sucesso e ganhou a simpatia dos clientes, da prefeitura e até mesmo dos garis. “Fizemos um teste de 15 dias com cinco unidades e foi muito bem-aceita. Também investimos em restauração de muros que nos proporcionam visibilidade. Com todo esse marketing, recebemos, em média, seis ligações por dia de clientes que viram a marca nos muros ou nas lixeiras”, afirma o sócio Tiago Ferreira Soares.
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