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Como a pandemia mudou o padrão de consumo de automóveis no Brasil?

Como a pandemia mudou o padrão de consumo de automóveis no Brasil?

O mercado automobilístico sempre foi uma das grandes potências no mundo. Graças à sua facilidade em se locomover nas cidades, sem precisar recorrer ao transporte público, pela sua praticidade, ou até mesmo por status, sempre encantou os consumidores. Entretanto, desde 2020, este setor tem encontrado um obstáculo que está sendo difícil de ser superado.

A pandemia do coronavírus, que assolou o mundo, fez com que montadoras interrompessem a sua produção, anunciassem férias coletivas, esvaziassem escritórios, fechassem concessionárias e até mesmo demitissem funcionários, o que ocasionou em greves, como vimos no caso da Ford.

Apesar delas estarem atreladas diretamente à baixa nas vendas, o aumento descontrolado do dólar, a quarentena, o aumento do combustível e a redução das importações têm preocupado bastante as marcas no sentido de estoque de peças e acessórios, como também no atendimento pós-venda.

Outro ponto a se considerar também foi a quarentena determinada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que mudou bastante o padrão de consumo das pessoas, que viram a possibilidade de trabalhar em casa e não fizeram mais uso de carro, além das que não tiveram escolha e resolveram se segurar, ao invés de trocar de veículo.

Fora que ainda houve um aumento de 14,7% no número de desempregados no Brasil durante o 1º trimestre de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, devido a isto, diversas pessoas tiveram de se desfazer de gastos “desnecessários”, ou então focar em coisas mais imediatas, como comida e contas de casa.

Graças a esta falta de verba para adquirir carros novos recém-saídos das concessionárias, houve um aumento considerável no interesse da população por carros usados, sejam eles um SUV, ou um sedan compacto, ainda mais com a taxa de juros sendo reduzida, facilitando o acesso ao crédito para realizar o financiamento e adquirir tais veículos.

Grande parte disto se deve também à procura cada vez maior para se trabalhar nos aplicativos. Segundo dados do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), de 2016 ao primeiro trimestre de 2020, o número de condutos de automóveis, táxis e caminhonetes em aplicativos como Uber, 99 e outros cresceu 41,9% – em números, foi um salto de 1,39 milhão para 2,02 milhões. Para termos uma ideia, cerca de 20% dos motoristas do aplicativo Uber no mundo são brasileiros.

Ainda segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), em dezembro de 2020, o volume de vendas de seminovos cresceu 13,1% – um crescimento de 23,6% se comparado ao mesmo mês em 2019.

Mas essas mudanças de comportamento vão se manter? Segundo projeção da Bright Consulting, que se muniu de dados da Anfavea e da Fenabrave, apenas em 2022 que o volume de vendas de veículos chegará aos níveis de 2019. E, graças a essa recuperação lenta na produção e distribuição de automóveis novos, haverá apenas um acréscimo inferior a 10% ainda em 2021, considerando que ainda neste ano haverá uma demanda considerável por seminovos.

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