De acordo com uma pesquisa encabeçada por Christiane Monteiro Machado, professora e coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo (UP), existe uma falha na publicidade na comunicação com o público mais velho no Brasil.
Conforme estudo de Christiane , “toda mensagem publicitária precisa ser entendida como verdadeira para que as pessoas prestem atenção ao que está sendo dito. Se uma peça de campanha mostra algo que não parece real, toda a mensagem fica comprometida. Então, se as pessoas ainda têm essa visão antiga sobre o envelhecimento, a publicidade acaba repetindo isso, e mostrando, em alguns casos, pessoas idosas de maneira estereotipada e preconceituosa”, ressalta.
Qual seria essa visão estereotipada e preconceituosa para com os idosos brasileiros? Um olhar de que o idoso fica apenas recolhido em casa, isolado socialmente, com dificuldade para aceitar novidades e incapacidade de aprender. Esse cenário é antigo, há mais de 50 anos as pessoas pensam assim, mas não é verdade.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas idosas, ou seja, 13% da população faz parte da terceira idade, ou seja, está acima dos 60 anos. Além disso, a projeção do Instituto é que, nas próximas décadas, esse percentual deve dobrar. De acordo com a pesquisa, em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto 16% serão de jovens com até 14 anos.
Portanto, é fundamental que tanto a publicidade e o marketing, quanto as próprias marcas precisam mudar. Segundo a professora Christiane, há estudos que revelam que algumas marcas evitam associar suas imagens à de pessoas idosas por medo de parecer “marca de velho”, mesmo que esse seja um segmento importante de consumidores. “É preciso um olhar mais consciente por parte dos publicitários e dos anunciantes, para evitar esse ‘piloto automático’ que mostra idosos dessa maneira tão antiga”, completa.
Para chegar a esta conclusão, a pesquisa analisou 104 publicações dos 10 maiores anunciantes do Brasil, no Facebook e no Youtube, ao longo de um ano. Foi verificado que das quase 5 mil mensagens, pouco mais de 100 tinham idosos. A professora ainda ressalta que faltam iniciativas públicas e privadas que garantam condições de um envelhecimento de qualidade no Brasil. “O país ainda engatinha em relação a políticas públicas direcionadas aos idosos. Existem leis e discussões sobre o tema, mas raramente algum avanço prático. Isso também tem relação com a desvalorização da pessoa idosa de forma mais ampla”, conclui.