Em um cenário ainda pandêmico e com fatores, como acesso à saúde, contas, desemprego, somados ao período de crise econômica ao qual o Brasil enfrenta, acabam por resultar em um endividamento da população. Assim, os brasileiros têm tentando ter mais dinheiro para dar conta dos gastos através dos empréstimos pessoais, que registraram um aumento significativo em sua demanda.
É o que aponta a última edição do Índice de Empréstimo FinanZero (IFE), que analisou 12,263 milhões de cadastros em sua base de usuários e mostrou uma alta de 34% nos pedidos de crédito pessoal nos últimos 12 meses.
Além disso, tem sido possível sentir no bolso a acentuação da inflação, assim como o ineficiente reajuste salarial, que não acompanhou as elevações dos valores. O relatório do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que reflete a inflação do país, registrou uma aceleração de 0,67% em junho, após ter registrado crescimento de 0,47% em maio. Já o acumulado dos últimos 12 meses, atingiu 11,89%, de acordo com a divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), número que continua bem acima da meta do Banco Central para a inflação neste ano, de 3,5%.
Esse contexto corrobora para a diminuição do poder de compra, os itens básicos de sobrevivência passaram a ter um custo acima do que é possível comportar pelo salário, portanto, manter as contas em dia e terminar o mês no azul se tornou ainda mais desafiador para uma boa parcela.
Pedidos de crédito: perfil médio dos solicitantes
Ainda de acordo com dados do IFE, o perfil médio de quem solicita crédito apresentou alterações. A renda salarial das pessoas que pediram empréstimos em junho de 2022, foi equivalente a 2,8 salários mínimos, enquanto que no mesmo período do ano passado essa média era de 3 salários. Não obstante, outros dados chamam atenção: há uma retração de 4% na porcentagem de homens que recorrem ao empréstimo, assim como ocorreu uma diminuição do valor requisitado, uma vez que a média saiu da casa de R$: 7.129,00, para R$: 6.653,00 no mês anterior.
Para Cadu Guidi, sócio-diretor de marketing da FinanZero, os pedidos de crédito estão ligados com a alta da inflação e aumentos em produtos e serviços que afetam diversas áreas da vida dos brasileiros. “O comprometimento da renda, em conjunto com o desemprego, má administração do dinheiro, solicitação de linhas de créditos com juros mais caros, como cheque especial e cartões de crédito, resultam no endividamento progressivo da população. Essas condições contribuem para a demanda de buscas por empréstimos nas fintechs”, comenta.
Dívidas e negócio próprio são os principais motivos de pedidos de crédito
Com base nos dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em junho, o endividamento chegou a 77,3%. Na comparação com o mesmo período de 2021, houve crescimento de 7,6 pontos percentuais. Não à toa, o índice da fintech apontou que a finalidade dos pedidos de crédito permanece a mesma nos últimos 12 meses: quitação de dívidas (33%), a maior preocupação dos brasileiros nos últimos anos.
Em segundo lugar, apareceu a razão “negócio próprio”, que chegou a 17% das solicitações registradas na plataforma. Esse número está relacionado ao expressivo crescimento de MEIs cadastrados no país, atrelado ao crescimento do empreendedorismo por necessidade, em que os trabalhadores, na tentativa de se reajustar, optam por empreender de maneira autônoma pela falta de oportunidades, visando obter uma renda para se manter.