Criar uma linha exclusiva de roupas e abrir um espaço próprio para comercializar os itens pode ser uma opção promissora para costureiras e profissionais de moda que desejem ser autônomos. Essa foi a escolha da ex-publicitária Maria Alice Paulino, proprietária do Atelier Depano, na capital paulista. Na tentativa de dar um novo rumo à vida profissional, ela fez um curso de corte, costura e modelagem e colocou no papel ideias para uma linha de saias longas. Os modelos não ficaram apenas nos desenhos. Decidida a investir na alternativa, virou empreendedora informal, montando, em 2012, um ateliê em sua casa. “Parei de trabalhar em uma multinacional e investi o dinheiro da minha rescisão contratual no negócio. Paralelamente, trabalhei por um tempo em uma agência menor e, todos os dias, a partir das 18h30, atendia as clientes na minha casa, com hora marcada”, conta Maria Alice. Foram necessários R$ 10 mil para tornar real o ateliê da profissional. Ela empregou os recursos na compra de maquinário, mobiliário, tecidos e construção da imagem. O retorno foi rápido. Em cerca de seis meses Maria Alice conseguiu recuperar o investimento inicial. Esse foi o mesmo tempo necessário para a ex-publicitária deixar o emprego na agência e se ocupar integralmente do ateliê. Um ano após abrir o negócio, Maria Alice sentiu que sua casa estava ficando inadequada para receber tantos clientes. Era o momento de formalizar o empreendimento.
Coincidentemente, em 2013, uma amiga a convidou para compartilhar o espaço de um ateliê na Vila Madalena. “Quando você cresce, percebe que não dá mais para ser amador e precisa ter um CNPJ. Era preciso se legalizar para crescer”, comenta. Maria Alice optou pelo cadastro como Microempreendedora Individual (MEI), regime tributário permitido para faturamentos de até R$ 60 mil por ano. De acordo com o consultor do Sebrae-SP Julio Durante, a decisão de formalizar um empreendimento deve ser feita com base em uma ampla análise. “É importante definir quais são os objetivos de tornar legal o negócio. O empreendimento na informalidade não pode crescer, o mercado fica limitado, o empreendedor não possui benefício tributário e pode passar por alguma fiscalização que autue o negócio. Com a formalidade, há maior segurança jurídica e é possível emitir nota fiscal e comprar insumos mais baratos para produzir”, assinala. Além disso, o consultor aponta que a formalização abre portas para novos negócios, como aumento no número de clientes e possibilidade de vender para grandes lojas. Maria Alice foi além. Decidiu, também, registrar a marca Atelier Depano. “Já usava a marca quando trabalhava em casa, mas ela não estava patenteada. Quando recebi o convite para dividir o espaço na Vila Madalena, eu me preocupei em fazer esse registro. Fiquei com medo de alguém tentar roubar meu logotipo”, conta.
A decisão deve ser calculada, acredita o consultor do Sebrae-SP. “A questão da marca é muito importante quando o empreendedor entende que esse será um diferencial competitivo. No setor de moda, a grife tem grandes poderes de propaganda, atração e captação de clientes”, afirma. Para formalizar o negócio e registrar a marca, o empreendedor deve adotar procedimentos diferentes. No caso da primeira providência, a recomendação de Durante é acessar o Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br) e entender qual é o melhor regime tributário para o negócio. Já para patentear uma marca, ó órgão responsável é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que cobra valores variados para cada tipo de serviço. O registro independe da formalização do negócio e pode ser solicitado mesmo sem a empresa estar constituída dentro da legalidade. “No Sebrae-SP, temos uma estrutura de consultoria em que o empresário pode apresentar o projeto e o plano de negócios, além de avaliar a formalização e se a marca é a mais adequada”, orienta Durante. O Depano se prepara, agora, para novos passos, com o lançamento de uma loja virtual e, para o próximo ano, a Depaninho, com uma linha infantil. Com o apoio de três costureiras parceiras, Maria Alice está satisfeita com a aposta no negócio. “Pretendo continuar com o formato de ateliê porque não tenho pretensões de virar uma grande grife. Quando gostamos do que fazemos e acreditamos nisso, vale a pena”, assinala.
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