O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 7,7% no 3º trimestre em comparação com os três meses anteriores, quando atingiu uma queda de 9,7%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado do ano até o fim de setembro, o PIB caiu 5% em relação a igual período de 2019, colocando a economia do país no mesmo patamar de 2017.
Em relação aos meses isolados de 2019, os valores apresentados em 2020 ainda estão abaixo. O terceiro trimestre apresentou um recuo de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa do mercado e do governo era alcançar um indicador de alta próximo de 8,5% entre julho e setembro.
O principal fator que corrobora para o crescimento apresentado foi a base de comparação baixa. Com os últimos seis meses em queda por ser o período de maior endurecimento de medidas de contenção, e a reabertura de parte dos setores da economia – que gera preocupações na área da saúde em torno do aumento no número de casos da doença –, os ganhos parecem se sobressair ao serem comparados. Vale lembrar que o PIB é um indicador que representa a soma de todos os produtos, bens e serviços produzidos no país.
Com o crescimento, o Brasil sai da recessão, que é como se chama o período quando se acumulam dois trimestres seguidos de encolhimento no PIB. “A recessão é um estado no qual a economia do país decresce junto aos indicadores de bem-estar”, explica a economista Juliana Inhasz, do Insper. No segundo trimestre, o país registrou uma queda revisada de 9,7%. Já no primeiro trimestre de 2020 o recuo foi de 1,5%.
A alta abaixo do esperado já era projetada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) semanas antes da divulgação do IBGE. Na projeção da instituição, o crescimento era de 7,5% – pouco menor que o valor oficial.
“O forte crescimento de 7,5% da economia brasileira no terceiro trimestre reverte, em parte, a forte retração de 9,7% registrada no segundo trimestre deste ano, em função da chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil, a partir de março. No entanto, este crescimento não é suficiente para recuperar o nível de atividade econômica que ainda se encontra 5% abaixo do observado no quarto trimestre do ano passado”, afirma o coordenador da pesquisa, Claudio Considera.
Sinal amarelo
Apesar das indicações de cautela, o governo federal se mantém otimista com a reabertura das atividades. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia revisou de 4,7% para 4,5% a estimativa de queda do PIB para este ano, com expectativa de crescimento de 3,2% em 2021, conforme o boletim mensal de projeções da pasta.
“Até o momento, não há sinais de elevação de casos no Brasil. Pelo contrário, observa-se uma redução da média nacional nos últimos meses”, informou a secretaria.
Ainda assim, os números de coronavírus apresentaram alta nas últimas semanas e, inclusive, promoveram o recuo da reabertura em São Paulo, anunciado um dia após as eleições municipais. Agora, de acordo com o governador João Doria, todo o estado se mantém na Fase Amarela – antes, havia algumas regiões já na Fase Verde.
Com o aumento dos casos e o retorno das medidas de contenção, o cenário é incerto quanto às altas no PIB e melhora econômica.