A edição de maio do boletim Pop-up, produzido pela Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae-MG, destacou o tema do crédito, que consiste em um fator de sucesso para as empresas.
O boletim cita a pesquisa Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade das MPE de Minas Gerais, do Sebrae Nacional (2007), que demonstrou que, dentre as empresas extintas e que apontaram falhas gerenciais, 40% apresentou falta de capital de giro e 24%, problemas financeiros. Ainda dentre as empresas que fecharam, 12% das que afirmaram ter problemas relacionados a políticas públicas e arcabouço legal destacou a falta de crédito bancário.
Por isso, dada a relevância do tema, o Pop-up se propôs a interpretar alguns resultados de pesquisas relativas a MPE e empreendedores mineiros, mostrando a relação com o dia a dia. Nesse sentido, são apresentados números relativos a quatro aspectos específicos:
- Formas de financiamento;
- Percepção de endividamento;
- Finanças pessoais x finanças empresariais;
- Desconhecimento de possibilidades de crédito/financiamento para pessoa jurídica.
Com relação às formas de financiamento, os dados confirmam a percepção já bastante disseminada de que as MPEs têm dificuldade para acessar recursos no sistema financeiro, uma vez que esta forma de captação não é recorrente. Os tipos de financiamento mais utilizadas por elas em 2012 foram:
- 55% recursos próprios do proprietário;
- 52% parcelamento de compras com fornecedor.
O boletim também ressalta a dificuldade que o empresário das MPEs tem de perceber o endividamento. De acordo com a publicação, a maior parte dos empresários das MPEs (55%) afirma não ter dívidas. Porém, na realidade, 88% desses possuem alguma forma de endividamento; por exemplo, já se valem de cheque especial ou cartão de crédito.
A já comum mistura que os gestores de MPEs fazem de suas finanças pessoais com as finanças da empresa fica evidente quando, além de mais da metade utilizar recursos próprios (conforme já mostrado), observa-se que uma parcela significativa se valeu de créditos para pessoa física para financiar seu empreendimento:
- 23% utilizaram cartão de crédito de pessoa física;
- 16% utilizaram cheque especial de pessoa física;
- 22% utilizaram cartão de crédito de pessoa jurídica;
- 33% utilizaram cheque especial de pessoa jurídica.
O desconhecimento de possibilidades de crédito/financiamento para pessoa jurídica fica evidente com os números apresentados no boletim, segundo o qual, do total de empreendedores individuais, apenas 3% obteve crédito de pessoa jurídica em 2011. Parte da explicação deste baixo percentual deve-se ao alto nível de desconhecimento das linhas de crédito específicas para pessoa jurídica (79%). Além disso, a maior parte dos que têm conhecimento não tentou obter crédito (66%).
A publicação conclui afirmando que o comportamento dos empreendedores individuais e dos empresários das MPEs é similar no que tange ao relacionamento com o sistema financeiro. Por isso, ressalta que as sugestões apresentadas se aplicam a estes dois públicos. “Ao orientarmos os empreendedores, devemos ter em mente aspectos como: 1) a avaliação da real necessidade de capital e da capacidade de pagamento dos negócios é ofuscada pela falta de controle gerencial e também pela não separação das finanças pessoais e empresariais; 2) é importante atentar para a linguagem que adotamos, pois nem sempre há clareza para os empresários do que é dívida (o uso de cheque especial, por exemplo, nem sempre é percebido pelos gestores como endividamento)”.