Fui consultado pela mídia na quinta e sexta feira passada sobre a crise, as perspectivas e soluções para os pequenos empresários em seu acesso ao crédito. Situação ao qual não me furto em compartilhar visões e oferecer alternativas, porém, não é uma tarefa trivial.
Me parece que existem pelo menos três categorias de empresários na crise.
A primeira, empresários que já tinham recursos em caixa e conseguem gerar fluxo, reduzindo enormemente sua dependência de financiamento de terceiros, especialmente os bancários. Estes continuam usufruindo de condições favoráveis de acesso ao crédito junto aos seus bancos de relacionamento, talvez até com mais facilidade e custos menores do início da crise. Passarão quase que ilesos por este ano e possivelmente aproveitarão várias oportunidades de investimento e crescimento.
A segunda, empresários que apesar de gerar fluxo de receitas consistentes, ainda dependem de financiamento de terceiros para girar sua produção/negócio. Aflora a forte necessidade de incremento do financiamento do capital de giro. São estes que enfrentam mais problemas em momentos como este, pois para piorar as coisas, Basiléia estabelece para 2009 que as provisões de capital dos bancos devem ser realizadas sobre o limite concedido e não tão somente sobre a utilização do crédito. Algo que os bancos criativamente devem e conseguem driblar de alguma forma, evitando penalizar os clientes e a si próprio, porém, é uma boa justificativa para evitar limites elevados em tempos de vacas magras e de incertezas.
Por fim, aquela terceira categoria de empresário que encontra-se em dificuldade na honra de seus compromissos junto aos bancos, gerada por circunstâncias de mercado para o financiamento de uma atividade rentável. Renegociação é a palavra de ordem. Alongar o prazo para reduzir o valor da parcela, adequando-a ao fluxo de caixa é uma formula possível e desejável.
Em todas as circunstâncias, assim como nas famílias, as grandes, médias e pequenas empresas deveriam ser compelidas a estarem sempre buscando a retenção de seus lucros para períodos mais difíceis. Absurdamente, ainda não temos políticas tributárias adequadas capazes de incentivar e valorizar essa prática saudável, ao contrário, é penalizado quem poupa.