Embora seja rico em atrativos turísticos e destinos diversos, tendo ao longo dos anos recebido um trânsito intenso de visitantes do mundo inteiro, é bem sabido que o Brasil ainda tem muito a aperfeiçoar no seu sistema de recepção turística. Trata-se menos de uma deficiência e mais de um potencial inexplorado.
Somada ao potencial, uma necessidade premente: com o grande fluxo de visitantes nos últimos anos e com a proximidade dos megaeventos esportivos que o país sediará o que já era um elemento a aperfeiçoar, vira uma urgência. A urgência abre janelas de oportunidades para negócios.
Em 2011 foram aproximadamente 5,4 milhões os turistas estrangeiros que vieram ao Brasil. No ano seguinte esse número chegou a 5,7 milhões, movimentando o mercado intensamente: registrou-se nada menos do que R$ 6,6 bilhões de dólares gastos por esse público no país em 2012. No total, observou-se um crescimento de 13,2% do turismo nesse ano – um salto que rendeu R$ 57,6 bilhões de faturamento das 80 maiores empresas do setor e 115 mil novos empregos nos 27 Estados brasileiros.
Já em 2013 o Brasil superou a média mundial da entrada de turistas estrangeiros, batendo um recorde e chegando aos 6 milhões de visitantes de outros países. Foram vistos efeitos positivos da presença desse contingente: além de terem sido movimentados R$ 740 milhões a mais, o indireto na economia foi de R$ 348,69 milhões, segundo dados da EMBRATUR.
Considerando esse quadro, a famosa frase “Imagina na Copa” aparece com um tom especialmente animador. Segundo a EMBRATUR, espera-se cerca de 7,2 milhões de turistas estrangeiros no Brasil em 2014 – 600 mil somente no mês da competição.
O que pode, a princípio, despontar como potencial problema na capacidade de atender esse público é, na verdade, um espaço para a inserção de empreendedores que sabem aproveitar cenários desafiadores e altamente favoráveis: pequenas empresas de serviços que atuem atividades de agência de turismo, meio de hospedagem, transportadora turística, guia de turismo, parque temático, acampamento turístico e organizadora de eventos poderão transformar o risco de uma insuficiência nesse setor em um fortalecimento do negócio.
Além de transformar de negativo para positivo, os sinais da preocupação com infraestrutura, o empreendedor com visão estratégica pode se destacar dos demais e fazer com que o seu serviço deslanche, investindo na capacitação da sua equipe. Os turistas estrangeiros que virão ao Brasil para a Copa do Mundo FIFA 2014 e para as Olimpíadas demandam um padrão de atendimento elevado e terão necessidade de profissionais bilíngues em todos os serviços que procurarem.
Um exemplo de destaque é o dos guias turísticos, cuja importância para o aparelho receptivo é evidente, mas que muitas vezes atuam de maneira informal, tanto do ponto de vista jurídico quanto da legislação que regula a profissão.
Segundo informações da Federação Nacional de Guias de Turismo (Fenagtur), a profissão de Guia de Turismo foi regulamentada pela Lei no 946, de 1o de outubro de 1993. Além de ter a formação exigida para atuar como Guia é necessário o cadastramento no Ministério do Turismo.
Sendo cada vez mais procurados pelos visitantes estrangeiros, esses profissionais fazem a diferença quando têm a qualificação ideal para atender as demandas de seu público e com a maior visibilidade do mercado turístico brasileiro aumenta também as exigências para as empresas que fazem parte dessa cadeia produtiva. O Ministério do Turismo e a Fenagtur tem destacado em diversos eventos a importância, não apenas da qualificação profissional, mas também da atualização dos guias que já atuam no mercado.
Além disso, aqueles profissionais que atuam formalmente no ramo turístico podem fazer parte do banco de dados do Cadastur e gerar maior visibilidade para o negócio. O Cadastur é um cadastro de serviços turísticos. Trata-se de uma ferramenta online onde o turista pode fazer todo tipo de consulta de prestadores de serviços turísticos no Brasil. O website permite realizar buscar por atividade, por localidade, por nome e outros dados do prestador. O prestador tem divulgados seus serviços e o certificado de regularidade no Cadastur. Para se cadastrar acesse o link http://www.cadastur.turismo.gov.br
Núcleos de turismo, exemplos para inspirar
O fluxo de turistas e a movimentação da economia estão intimamente ligados ao aparelho receptivo e aos demais serviços voltados para visitantes. As influências são recíprocas e complementares: por um lado não é possível atingir resultados positivos com a vinda desse público ao país sem a extensa rede de apoio para ele; e por outro, a importância dessa rede torna evidente a necessidade de mais empreendimentos e mais qualificação desse setor.
Empresários, associações e governo têm se voltado aos serviços de recepção, que se estendem do momento em que o turista chega ao aeroporto ao momento em que sai do país.
Em Curitiba e em João Pessoa já existem núcleos estruturados de turismo receptivo e atuando com sucesso. Abarcando tanto o turismo de lazer como o de eventos, essas iniciativas têm sido organizadas a partir de parcerias entre empresários e consultores do SEBRAE do Paraná e da Paraíba.
Essas parcerias permitiram trocar experiências e identificar fortalezas e oportunidades para o aperfeiçoamento das estruturas já existentes. “Em Curitiba, antes da criação do Núcleo, as agências ofereciam produtos muito similares, com poucos roteiros diferenciados. Com o trabalho organizado e em conjunto, foram formatados produtos específicos, a partir da cultura e das características da cidade” – afirmou Patrícia Albanez, consultora do SEBRAE no Paraná que auxiliou a construção do Núcleo de Turismo Receptivo de João Pessoa.
Empresários que tiverem interesse em conquistar o espaço aberto para o turismo receptivo podem se inspirar nas experiências de sucesso de João Pessoa e Curitiba, buscando parcerias com o SEBRAE local e ampliando suas possibilidades de ação.