A concessão de crédito para empresas de micro e pequeno porte é um grande desafio para o Sistema Financeiro Nacional, pois, segundo dados do Sebrae, estima-se que apenas um terço de MPE acessam serviços financeiros (crédito, cartões, seguros e etc.) ofertados pelas instituições financeiras públicas e privadas no Brasil.
Pelo lado dos empresários, há certo distanciamento em relação às exigências das informações necessárias para acessar os recursos ofertados pelas instituições financeiras, bem como existe uma carência no que tange à educação financeira empresarial, fazendo com que o empresário não tenha uma visão ampla da utilização do crédito. Assim, é necessário que ele tenha uma capacidade de analisar quais os serviços financeiros mais adequados para suprir a sua necessidade de investimento.
Do outro lado da mesa, encontramos as instituições financeiras que detêm os recursos e ficam, na maioria dos casos, sem a resposta para duas perguntas: Qual o risco real dessa operação? Quem garante esse recurso caso o empresário não consiga pagar? Cabe ressaltar que, como toda empresa tem um produto/serviço para comercializar e sempre procura comercializá-lo da melhor forma possível, ou seja, reduzindo ao máximo o risco para o não recebimento do pagamento por ele, o banco tem como seu produto/serviço o dinheiro – logo, ele também utiliza a mesma engenharia de negócio empresarial para ofertá-lo, ou seja, reduzindo de risco e ampliando a garantia de recebimento.
Um movimento vem surgindo no Brasil ao longo dos últimos nove anos para reduzir essa assimetria de informações, baseando-se na associação de empresas do mesmo território que utilizam a cultura da cooperação para a criação de um fundo garantidor de crédito que funciona como o grande avalista de todos: são as Sociedades de Garantia de Crédito (SGC). Pela perspectiva dos empresários, a SGC vem para suprir as necessidades de garantias complementares de crédito e, também, por meio de uma assessoria técnica aos seus associados, orientando e capacitando em educação financeira. Para as instituições financeiras, existe a oportunidade de encontrar empresas mais preparadas e a existência de garantias sólidas para operações com os sócios da SGC. Logo, cria-se um ambiente para a possibilidade de redução de taxas e custos em função do baixo risco das transações.
As Sociedades de Garantias de Crédito já são uma realidade consolidada em vários países, como Portugal, Espanha, Argentina e Venezuela. No Brasil, existem três iniciativas em andamento e seis em funcionamento. Não obstante a recente história em território nacional, podemos afirmar que a SGC apresenta-se com uma grande inovação para o Sistema Financeiro Nacional, pois vem ao encontro do desafio de reduzir a assimetria de informações entre os empresários e os bancos, assegurando, assim, as operações de baixo risco e sustentáveis para os dois lados, fomentando uma maior competitividade empresarial, que se utiliza dos serviços financeiros.