Os desafios das férias: retomada ao trabalho e dúvidas sobre direitos trabalhistas marcam o descanso dos brasileiros
Para muitos brasileiros, as férias são uma oportunidade essencial para descansar e repor energias, uma pausa merecida após um ano de trabalho sob o regime CLT, ou para os empreendedores e MEI, quando conseguirem. No entanto, um estudo da Onlinecurriculo com 500 trabalhadores de várias regiões do país revelou que, para muitos, as férias acabam acompanhadas de preocupações e desafios que dificultam esse descanso.
Entre as maiores dificuldades relatadas, o maior desafio para 42% dos entrevistados é a retomada do ritmo após o retorno ao trabalho. Esse obstáculo torna fundamental a criação de práticas que facilitem a reintegração gradual e, assim, restabeleçam o foco e a produtividade de forma menos abrupta. Outros 32% enfrentam dificuldade ao tentar alinhar as datas das férias com seus gestores e colegas, um processo que gera ansiedade e, muitas vezes, é motivo de frustração.
O afastamento temporário das responsabilidades também acarreta receios para 27% dos trabalhadores, que mencionam o acúmulo de tarefas como uma das principais preocupações. Essa dificuldade pode ser resultado do receio de perder o controle das demandas, o que interfere no descanso durante o período de folga. Outros entrevistados expressaram que, mesmo fora do trabalho, sentem-se afetados por questões como comunicação interrompida, mudanças na equipe e a interrupção de projetos, que podem impactar metas e prazos.
Amanda Augustine, especialista em carreiras da Onlinecurriculo, avalia que esses desafios podem ser fruto da cultura corporativa e também de questões individuais dos colaboradores. “Empresas que priorizam um equilíbrio saudável entre trabalho e descanso permitem que os funcionários aproveitem suas férias sem carregar um peso adicional. Uma cultura organizacional que apoie o bem-estar é fundamental para que os profissionais se desconectem com tranquilidade”, afirma Amanda.
Apesar disso, a pesquisa mostra que nem todos os trabalhadores sentem esse apoio de seus empregadores. Embora 53% relatem incentivo para tirar férias, 46% dizem que esse suporte é apenas parcial ou inexistente, com relatos de pressão para estarem disponíveis, falta de flexibilidade para escolher datas e até resistência para que façam uso integral de seu direito.
Outro ponto que merece atenção é a organização financeira durante as férias. Para viabilizar os custos do período de descanso, muitos trabalhadores optam por diferentes estratégias, como o uso do 13º salário, escolhido por 18% dos entrevistados, e o adiantamento salarial, preferido por 16%. Já outros preferem vender parte das férias (13%) ou utilizam empréstimos e crédito para cobrir as despesas (9%).
Esses dados reforçam a importância de uma estrutura de apoio que permita aos trabalhadores realmente aproveitar suas férias, reduzindo as barreiras que dificultam o descanso e facilitando o retorno ao trabalho em melhores condições físicas e emocionais.
