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Vencer o jogo sem perder a saúde

Ao longo deste ano, durante os mais de 12 Encontros de Negócios que o Sebrae realizou no âmbito do Programa Sebrae 2014 nas 12 cidades sedes da Copa do Mundo FIFA 2014, foi promovida uma série de debates entre agentes financeiros, micro e pequenos empresários dessas cidades e o Sebrae, com mediação da jornalista da TV Globo e Rádio CBN, Mara Luquet.

Originalmente, a intenção do Sebrae era apenas disseminar informações e orientações financeiras com o apoio de instituições parceiras a fim de facilitar a viabilização de negócios através do conhecimento das soluções financeiras disponíveis no mercado. Porém, os debates foram muito além e deixaram uma herança que pode se tornar um dos legados mais importantes do Programa Sebrae 2014 para as micro e pequenas empresas no Brasil: a reflexão e a conscientização dos empresários de pequenos negócios a respeito da importância de promover e manter a saúde financeira de suas empresas e da possibilidade de crescer sem se endividar e comprometer o futuro da empresa e do próprio empresário.

Trago aqui algumas das questões que foram mais discutidas como uma degustação do que aconteceu nesses eventos e do que provavelmente será aprofundado no próximo ano. Espero que, com isso, eu incentive você a se levantar e buscar mais informações sobre um ou mais desses assuntos e se preparar para vencer o jogo, mantendo sua saúde financeira.

Uso de recursos próprios para investimentos fixos: esse foi um dos pontos mais discutidos nos debates, levantado principalmente pelos agentes financeiros e pela mediadora a partir de suas experiências em ver empresários, na maioria das vezes ansiosos ou mal informados, perderem dinheiro ao usar recursos próprios para realizar investimentos fixos em suas empresas.

Segundo a maioria dos representantes das instituições presentes nos eventos, o recurso próprio é caro, pois se bem aplicado pode gerar um rendimento maior que a taxa de juros normalmente cobrada numa linha de crédito para investimento fixo (geralmente com taxas menores e maior prazo de pagamento), em alguma oportunidade de ampliação ou modernização da infraestrutura do empreendimento. Além disso, caso a demanda e a produção aumentem e necessitem de maior capital de giro, o crédito para esse fim será mais caro com prazos mais curtos. Em outras palavras, o recurso próprio é um recurso caro cujo uso deve ser muito bem planejado.

Relacionamento bancário: houve um consenso entre os participantes do evento: operação de crédito é essencialmente uma operação baseada na confiança, entre quem vende e quem compra o crédito. Confiança é construída a partir do relacionamento, da afinidade e da compreensão mútua. É óbvio que uma instituição financeira, ao vender créditos, precisa ter uma segurança mínima de que será devidamente paga por isso. Ela tem metas, e sua sobrevivência muitas vezes está condicionada a essa operação. Portanto, ela tem interesse em chegar a esse nível de segurança para realização da operação.

Já o empresário precisa desses créditos para viabilizar um investimento ou um projeto, mas por outro lado precisa convencer o agente financeiro de que sua ideia é economicamente viável e de que tem capacidade para fazê-la acontecer. Quanto mais claras forem essas questões entre ambos os lados, maior é a confiança entre eles, e consequentemente mais viável se torna a operação.

No entanto, além da clareza da ideia, do negócio e do investimento a ser realizado por parte do empresário e do agente financeiro, outro aspecto que contribui bastante para essa relação de confiança é o tempo do relacionamento. Se o agente financeiro conhece o histórico da empresa e de seu gestor e já participou de outros momentos e decisões que foram tomadas, mais facilmente vai compreender suas reais necessidades. Além disso, um gestor perspicaz provavelmente aproveitará o canal aberto por esse relacionamento para conhecer melhor as diversas soluções financeiras existentes no mercado e, então, será mais capaz de ter senso crítico na tomada de suas decisões para escolher o melhor caminho, tornando-se menos dependente das informações passadas pelo agente.

Garantias: assunto polêmico, muitas vezes mal compreendido por empresários, principalmente de pequenos negócios, mas também mal esclarecido pelas instituições financeiras. A necessidade de garantias para oferta de crédito está intimamente ligada com a questão abordada anteriormente, a segurança do investimento. O empresário precisa dar garantias à instituição para o caso de inadimplência, reduzindo a possibilidade de prejuízo. Porém, o empresário de um pequeno negócio (ou de um negócio que ainda nem existe) muitas vezes não possui muitas garantias a dar, especialmente quando seu patrimônio é imaterial ou virtual, como é o caso de empresas constituídas em ambiente on-line e outros empreendimentos de indústrias criativas, por exemplo, as artes, o entretenimento e o design.

Em muitos casos, a solução encontra-se nas Sociedades Garantidoras de Créditos (SGCs), que reúnem empresários com o objetivo de amenizar essa falta de garantia dos empreendedores. São muitas as vantagens. Para o empresário: maior acesso ao crédito, menor tempo para liberação dos recursos, menores juros e maiores prazos, obtenção de crédito saudável e integração a uma rede empresarial. Para as instituições financeiras: maior garantia de qualidade das informações recebidas pelas empresas, aumento da base de clientes, redução dos riscos e das possibilidades de perdas.

Entretanto, são necessários muitos avanços quando se trata de empresas cujo patrimônio é essencialmente imaterial, fruto da criatividade e da formulação e execução de ideias não físicas. Na Europa, algumas instituições financeiras já estão encontrando soluções para esses casos, visto que a economia criativa é uma das áreas econômicas mais promissoras do século, visto que o capital intelectual é cada vez mais valorizado, tornando-se a essência do patrimônio das empresas mais rentáveis.

Promoção da concorrência saudável entre agentes financeiros: como já foi dito, as instituições financeiras dependem de empréstimos e operações de crédito para sobreviverem, de acordo com o que foi amplamente demonstrado nos debates. Há pouco tempo, quando os juros ainda eram altos e os títulos do governo geravam altos rendimentos, os bancos não se empenhavam tanto no que agora é questão de vida ou morte: o relacionamento com empresas.

Nunca houve um momento tão oportuno para pequenas empresas se reaproximarem das instituições financeiras e conquistarem benefícios reais para seus negócios. Por isso mesmo, é preciso tirar vantagem do momento: não só reivindicar direitos, mas também promover a concorrência entre os diversos agentes financeiros. Se não conseguiu o que precisava em seu banco atual, procure o próximo e o seguinte, assim em diante. O gestor habilidoso em negociação e consciente do que quer certamente conseguirá as melhores condições para viabilizar seu projeto.

Como a jornalista Mara Luquet repetiu diversas vezes em suas moderações nos debates: “Temos que interromper o hábito de não conseguir alguma coisa e ir para casa chorar. Precisamos fazer com que os bancos exerçam a concorrência saudável para termos soluções cada vez melhores.”

Além das questões mencionadas, outras também importantes foram muito debatidas entre instituições financeiras e empresários nesses Encontros de Negócios do Programa Sebrae 2014. Entre elas, a necessidade de estruturar um projeto de viabilidade econômico-financeira e seus itens mais relevantes, as soluções para renegociação de dívidas, a necessidade das certificações e licenças ambientais e os custos envolvidos e o papel do Sebrae na preparação e sensibilização do empresário para aproveitar oportunidades de negócios sem prejudicar as finanças de sua empresa.

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