Controlar a fruta desde a sua produção, no campo, até chegar à mesa do consumidor. É esse o objetivo do sistema de Produção Integrada Agropecuária (PI-Brasil), que engloba diversas práticas sustentáveis, e cujo desenvolvimento no Brasil, principalmente na cultura dos pessegueiros, deve muito ao trabalho do professor José Carlos Fachinello. O pesquisador, há 36 anos lecionando na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), foi um dos responsáveis pela criação das normas referentes ao cultivo de pêssegos, que permite aos produtores exportarem seus produtos à Europa.
“Esse conceito nós trouxemos para o Brasil e principalmente para o Rio Grande do Sul. Ele permitiu que o produtor o utilizasse para ter uma produção de mais qualidade, usando práticas onde praticamente não há contaminação, porque há todo um controle do processo”, conta o docente. O conjunto de regras, concebido a partir de análise do modelo europeu na Itália, já é desenvolvido em solo brasileiro há mais de uma década.
Além desses estudos, na época, o sistema também foi aprofundado em experiências com agricultores que comprovaram a eficiência do modelo. O trabalho de pesquisa incluiu, ainda, capacitação de estudantes, técnicos e produtores. “Temos um controle que nós dizemos do campo à mesa. O pêssego, no nosso caso, é manejado de uma forma adequada e tem todo um controle e registro até chegar à mesa do consumidor, para que haja um alimento seguro”, afirma Fachinello.
A adesão ao sistema, que é voluntária, permite aos agricultores certificar os seus produtos com um selo garantido pelo Inmetro e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A etiqueta possibilita, por exemplo, abrir as portas do mercado europeu para o pêssego brasileiro. “Na Europa, o sistema de Produção Integrada significa você estar no mercado ou estar fora”, sustenta o pesquisador. “Hoje, você não consegue exportar para lá nenhum alimento se não tiver rastreabilidade”, prossegue. Na Itália, por exemplo, a adesão ao modelo atingiria 90% da produção agrícola.
No Brasil, o modelo, que tem regras específicas não só para diversas culturas frutíferas mas também para as criações de outros vegetais e animais, já se difundiu pelas regiões. No caso do pêssego, além do Rio Grande do Sul, produtores de outros estados como Paraná e São Paulo também aderiram ao sistema. Ao todo, com o selo, eles chegam a receber um adicional de 10% sobre o preço de seus frutos, como no caso da Cooperativa Agroindustrial Pradense, de Antônio Prado.
Fachinello acredita que o modelo ainda tem espaço para crescer tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil. “O País pode deixar de participar do mercado externo a partir do momento em que não tenha um controle sobre o sistema de produção”, comenta.
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Fonte: Agro Sebrae