Há dez anos, víamos nascer no País a Garantiserra, iniciativa de alguns abnegados e sonhadores, que, a partir da cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul , viabilizaram a primeira Sociedade Garantidora de Crédito brasileira. Pioneira, ela conseguiu, em um primeiro momento, alavancar parcerias nos níveis local, municipal, estadual, nacional e até internacional. Eram parcerias públicas e privadas, que apontavam para uma promissora alternativa para garantias de financiamento, em especial para pequenas empresas.
Nascida como uma sociedade empresarial, incorporava práticas de garantia de qualidade, reduzindo riscos de crédito e operando como mais um facilitador para o acesso ao crédito pelas empresas de menor porte. Em a parceria com as instituições de crédito, a operação apontava para mais uma alternativa.
Já vivíamos a experiência da alternativa dos fundos de aval, que, naquela época, ganhavam escala e se consolidavam como solução adequada para o uso de garantias pelos pequenos negócios . Mas, as SGCs não nasciam como concorrentes dos fundos de aval. Elas se apresentavam como mais uma alternativa de garantia. E esse entendimento foi fundamental para o sucesso das diversas formas de garantia que têm como papel principal assegurar o acesso a serviços financeiros pelas empresas.
Por isso, o Sistema Sebrae – pioneiro na implantação de fundos de aval no País, com o FAMPE, e parceiro de primeira hora da Garantiserra – abraçou o tema das SGCs e, junto com parceiros como BACEN, BNDES, BB e cooperativas de crédito, entre outros, começou não apenas a aprofundar o conhecimento sobre a temática, mas a construir procedimentos e ferramental de apoio à implantação e à operação de SGCs. Esse trabalho foi feito em conjunto com entidades que poderiam vir a ser parceiras nesse movimento, partindo do desenvolvimento de missões no exterior, onde se praticava essa solução, como Portugal, Espanha, Itália, Alemanha e Argentina, entre outros, além de garantir a presença brasileira nos fóruns internacionais sobre o tema garantias.
Foi iniciado um ciclo de construção de uma massa crítica nacional no tema SGC, que permitiu, como elemento indutor, em 2008, o lançamento de um edital para apoio a implantação de SGCs no Brasil. A este chamamento acorreram 19 propostas de várias regiões do País.
Reconhecer o papel da Garantiserra, bem como de suas lideranças e equipe técnica, é algo que sempre precisa ser lembrado, pois se constituiu na base de todo o movimento. A presença das delegações brasileiras nos fóruns ibero-americanos de garantia é ponto marcante também desse esforço desbravador e inovador.
Mas, o que ocorreu em Foz do Iguaçu, no dia 19 de marco último, deverá ser lembrado. Ocorrida lá, a reunião de trabalho para discutir ações de apoio a esse movimento será lembrada como o primeiro encontro de 10 SGCs brasileiras, em estágios diferenciados de momento de operação e implantação. Mas as 5 SGCs do Estado do Paraná, as duas de Minas Gerais e as SGCs do Rio de Janeiro e da Paraíba, que se somaram à Garantiserra do RS, são um marco de esforços e vontade de voluntariosos empreendedores que, com certeza, deixarão seu registro histórico na evolução dos mecanismos de apoio ao desenvolvimento competitivo e sustentável das pequenas empresas brasileiras.
Dez SGCs é um número emblemático, que merece ser comemorado, em especial no fórum que se realizará em agosto, em Belo Horizonte. Mas, estamos começando um novo ciclo do movimento, da operacionalização e da busca da sustentabilidade dessas 10 pioneiras, que serão objeto de contínua observação, apoio e atenção das entidades parceiras e para qual se buscarão novos parceiros, rumo à construção do sistema de SGCs do Brasil.