Por Ronaldo de Moura
Enviado especial do blog PNF na Costa Rica
Carlos Alberto dos Santos: as SGC contribuem para ajudar as MPE a desenvolverem projetos viáveis |
O Brasil está construindo um modelo de garantia híbrido para ampliar o acesso das micro e pequenas empresas (MPE) ao crédito. Os fundos garantidores coexistem com as sociedades de garantia de crédito (SGC): “Há espaço para todos. Isso é bom para as MPE, é bom para o sistema financeiro, pois diminui os riscos, e é bom para o desenvolvimento do País”. Essa foi a mensagem do diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, aos participantes do XVI Fórum Iberoamericano de Sistemas de Garantias e Financiamento para as Micro e Pequenas Empresas, em San José, na Costa Rica, nesta quinta-feira (8).
O diretor do Sebrae participou do painel que discutiu a sustentabilidade dos sistemas de garantia durante o Fórum da Costa Rica. Além da experiência brasileira, foram apresentados os casos de sucesso da Colômbia, México e Portugal. Carlos Alberto fez questão de registrar que a participação numerosa da delegação brasileira no evento reflete o trabalho que vem sendo feito no Brasil nos últimos quatro anos.
Ele esclareceu que, enquanto os fundos garantidores se caracterizam por “operações típicas de balcão” do sistema financeiro e de instituições de apoio às MPE, como o próprio Sebrae, as SGC se apresentam como “novas modalidades de parcerias públicos-privadas (PPP)”, que funcionam como “ferramentas de negociação”, com forte caráter mutualista. “O caminho que escolhemos não é fácil e, tampouco, curto; porém, é auspicioso e promete ser sólido”, afirma Carlos Alberto.
Aumento do crédito na crise
Carlos Alberto lembrou que, no Brasil, a oferta de crédito para as MPE aumentou em 2008, durante a crise financeira internacional, e nos anos seguintes. O governo brasileiro também jogou suas fichas na criação de um vigoroso programa de habitação popular (Minha casa, minha vida) e no aquecimento da produção e do consumo interno para enfrentar a crise originada nos Estados Unidos. Ele lembrou também que as atuais turbulências econômicas provocam um quadro inédito no mundo: os países do Norte estão em crise, enquanto as economias de muitos países do Sul estão crescendo.
É nesse contexto que o movimento pela criação das SGC vem ganhando força no País. O diretor do Sebrae registrou que foram criadas recentemente três novas entidades de garantia de crédito no Paraná e que outras quatros devem ser constituídas até o final deste ano. “Essa institucionalidade é complexa porque envolve vários agentes e uma grande quantidade de parceiros, mas depois que as dificuldades são superadas ela se torna forte”, explicou.
Esse modelo também é promissor pelo fato de que, além de contribuir para aumentar o acesso ao crédito, na medida em que atenua o problema da assimetria de informações, as SGC também fornecem consultoria técnica para as MPE. “Isso é o que chamamos de sistema de garantia de crédito de segunda geração. As SGC não se restringem às operações de aval. Elas também contribuem para ajudar as MPE a desenvolverem projetos viáveis”, concluiu Carlos Alberto.