Participei do III Fórum Brasileiro de Cooperativas de Crédito de MPE, realizado mês passado em Nova Petrópolis (RS). O mote desta edição era “com cooperação, o crescimento é sustentável”. Por isso, o Sebrae promoveu debate sobre o empreendedorismo e sustentabilidade nas cooperativas de crédito que atuam com as micro e pequenas empresas. Quem participou do painel conheceu experiências bem sucedidas de parcerias entre cooperativas e pequenos negócios.
As iniciativas apresentadas mostram que, por meio da melhoria do ambiente de serviços financeiros para este público, as cooperativas estão contribuindo para o crescimento das MPE. Pode-se atestar que houve, na prática, um amadurecimento das cooperativas de crédito em relação a perceber e atender às necessidades das micro e pequenas empresas.
Iniciativas das cooperativas para as MPE
No debate, o Sicoob Crediparnor de Minas Gerais, Sicoob Litoral Sul da Bahia e a Sicredi Serrana demonstram que todos ganham quando a cooperação é difundida e estimulada entre os pequenos negócios.
O Sicoob Crediparnor apresentou um projeto que, na minha opinião, é bastante inovador na sua forma de atuação. Denominado “Empreender para Crescer” e preocupado com o desenvolvimento local, o programa de crédito orientado para Empreendedores Individuais (EI) e também uma parceria público-privada envolve vários atores locais: a Cooperativa de Crédito, o Sebrae, uma empresa júnior de uma faculdade local, a prefeitura municipal, escritórios de contabilidade, a associação comercial e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Todas estas instituições atuam conjuntamente, cada qual na sua competência, para contribuir com a formalização, capacitação, orientação e acesso a mercados e serviços financeiros desses empreendedores. Os resultados desta parceira já são visíveis: entre julho de 2011 e julho de 2012, cerca de 2.490 novos EI foram atendidos pela parceria.
O Sicoob Litoral Sul da Bahia também apresentou sua experiência, que é bastante interessante. Ainda pequena em números mas grandiosa nas suas ações para os pequenos negócios associados, esta cooperativa de crédito fica localizada no sul da Bahia, região onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dos menores do Brasil. Originalmente, foi constituída para atender exclusivamente produtores rurais daquela região, porém após vários anos deficitária e gerando várias perdas para seus associados, a cooperativa resolveu mudar o foco comercial e passou a atuar com o segmento de pequenos negócios.
Em 2008, início da nova trajetória comercial, havia poucos negócios associados: apenas com 57 pessoas jurídica. Dessas, só 11 realizavam negócios com a cooperativa de crédito. Para mudar este quadro, fechou parceria com o Sebrae e a CDL local, o que foi fundamental para que a cooperativa compreendesse melhor o mercado de micro e pequenas empresas, orientação empresarial, pesquisa de mercado potencial, dentre outros aspectos importantes para atender às demandas deste público.
Depois desta parceria, a cooperativa conseguiu aumentar o número de operações contratadas por MPE. Só em 2012 atendeu 284 pequenos negócios. Hoje, os negócios gerados com as MPE e EI já representam cerca de 48% de todas as operações da cooperativa.
Atendimento robusto
Cooperativa sediada na cidade de Carlos Barbosa, mas que atende toda região do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, a Sicredi Serrana tem estrutura robusta em termos de números. Detém cerca de 21% do mercado regional de pessoas jurídicas, sendo que 97% de seus associados PJ são micro empresas e empresas de pequeno porte.
Busca oferecer atendimento diferenciado para esse público. Para isso, vem se adequando ao mercado e adotando uma postura mais efetiva de tratamento igualitário do associado PJ por meio de atendimento segmentado por faturamento, precificação diferenciada, grau de risco e as garantias oferecidas. A Sicredi Serrana também está inserida no projeto de Fomento a Boas Práticas em Cooperativas de Crédito, parceria do Sebrae e o Sistema Sicredi no estado.
O planejamento da Sicredi Serrana é bastante arrojado, pois espera chegar em 2021 com 107 mil associados, R$ 600 milhões em crédito, R$ 300 milhões em repasses e ativos totais na ordem de R$ 1,5 bilhões.
Todos ganham
Aqui no Sebrae, acreditamos que estamos no rumo certo neste processo de disseminar as boas práticas de atuação das cooperativas de crédito com o segmento de pequenos negócios. Temos a certeza de que os objetivos da terceira edição do Fórum foram atingidos e os debates sob o tema só tendem a crescer.
Neste contexto, o jogo é de ganha x ganha: a cooperativa de crédito ganha, pois exerce na essência seu papel social sem deixar de realizar bons negócios com seus associados; e as micro e pequenas empresas ganham, pois conseguem acessar a serviços financeiros de forma mais rápida, com menos burocracia e a custos mais adequados a suas realidades. Ganha também a sociedade local, pois consegue reter talentos humanos na comunidade, estimular a economia e ainda desenvolver políticas de incentivo ao empreendedorismo.
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Edição: Fernanda Peregrino, da F&C Comunicação e Projeto.