Especial para o blog PNF
Ricardo Paes, secretário da SAE-PR |
No conjunto dos serviços de aquisição de crédito oferecidos pelas instituições financeiras, o acesso ao cartão de crédito é mais facilitado que o cheque especial. Este dado foi divulgado por Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da Presidência da República (SAE-PR), na tarde desta segunda (21), durante o III Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, realizado em Brasília.
Constatou-se que os serviços mais utilizados pela população são a conta corrente (54%) e o cartão de crédito (31%). Por outro lado, 5,1% dos brasileiros possuem talões de cheques e 3,2% têm cheque especial. Os dados foram obtidos a partir da análise da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelos levantamentos do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS).
O fator determinante para a concessão de cheque especial é o nível de escolaridade. Observou-se que no grupo de pessoas que adquiriram esse serviço, 60% possuíam nível superior.
“Isso significa que, para ter um talão de cheque, é mais importante ter um ano adicional de educação do que 35% a mais de renda”, destacou. “A educação é decisiva, pois demonstra que a pessoa terá uma renda contínua. É o capital social”, comentou o secretário.
Pagamento das despesas familiares
Os dados da POF também revelaram que em 2009, 15,2% das despesas familiares foram pagas de maneira parcelada ou por meio de cartão de crédito, o que significa o gasto de R$ 226 bilhões. O consumo utilizando essas formas de pagamento se concentrou no setor de vestuário, representando 39% das despesas, seguido pelo transporte (29%), educação (23%) e recreação (21%).
“Utilizar o crédito para comprar vestuário é preocupante, pois não é um bem essencial”, ressaltou. Nesse setor, os itens mais parcelados ou pagos no cartão foram roupas femininas, calçados e roupas infantis. A informação provocou risos na plateia. “Você percebe que a roupa dos homens é cobrada à vista”, argumentou.
“As famílias brasileiras não conseguem separar os conceitos de preço e de juros. A educação financeira será fundamental para as pessoas aprenderem a separar essas coisas”, concluiu.