Por Luciana Pecegueiro
Marca Brasil… como ela pode afetar os produtos brasileiros? Ao passar um mês na Europa passei por duas situações de constrangimento por ser brasileira, e mais por disputas políticas referentes à extradição. O que pude perceber do sentimento dos estrangeiros em relação aos brasileiros foi exatamente o que esse povo latino-americano transmite: simpatia.
Essa receptividade pode parecer irrelevante, mas é um início para a aceitação de produtos e serviços brasileiros no exterior. Afinal, disputas políticas e religiosas, por exemplo, podem afetar as relações com os consumidores, além do fenômeno do bairrismo, sob o qual consumidores cada vez mais consomem produtos nacionais e locais reconhecendo os benefícios multiplicadores na sociedade. Os brasileiros devem explorar as oportunidades para fortalecer a sua marca.
Apesar de toda a simpatia compartilhada internacionalmente, devemos trabalhar para desfazer nosso reconhecimento pelo famoso “jeitinho brasileiro”, cujo estigma nos identifica pela protelação dos negócios, não cumprindo com a palavra. Em suma, a falta de profissionalismo nos comércio internacional afeta a todos, desde a maioria que a pratica, quanto a minoria que planeja e cumpre fielmente com os prazos estabelecidos.
Assim, há alguns anos foi elaborada a marca Brasil que busca o reconhecimento internacional do país. A marca nasceu do na pujança de um programa de divulgação do turismo brasileiro no mercado internacional, o Plano Aquarela, que está definindo as bases para todas as ações de divulgação do país no exterior. O plano foi desenvolvido pelo Ministério do Turismo, por meio da EMBRATUR (Instituto Brasileiro de Turismo), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como resultado de pesquisas em 18 mercados com mais de seis mil pessoas.
As portas se abrem com a simpatia pelo Brasil. E isso começa sim pelos símbolos que nos reconhecem e por que não um símbolo como a marca Brasil?
A caipirinha e a culinária brasileira estão estampadas por toda a Europa. Em Portugal pude ver nas latas de Guaraná Antarctica a propaganda do carnaval carioca e um convite ao turismo. Devemos, ainda, agradecer os personagens que levam a nossa nacionalidade ao exterior. Ao entrar em um táxi em Roma notei uma pequena bandeira brasileira grudada no painel o carro e logo perguntei ao motorista o propósito de tal bandeira estar equiparada à bandeira da Itália, sua nação mãe. Sinceramente esperava uma resposta sobre algum turista que o presenteou ou algo similar, mas a resposta foi surpreendente: orgulhoso, o taxista respondeu que a bandeira representava a nacionalidade de um dos pilotos da escuderia italiana de Fórmula 1, Ferrari, o Felipe Massa. O orgulho mostrava a satisfação com a qualidade do piloto. Isso sem falar na aceitação e exposição dos jogadores brasileiros, especialmente Kaká, que atualmente atua na Europa. Além disso, sempre que citava que era de Brasília me surpreendia com o fato de conhecerem tanto sobre nossa arquitetura. Um desenho da Pixar vai expor nossas belezas naturais. O fato de sediarmos, nos próximos anos, a Copa e as Olimpíadas também se encarrega de promover nosso nome no exterior.
Falta agora o empenho das empresas em aproveitar as oportunidades advindas da receptividade da marca Brasil, contribuindo para o reconhecimento de nossos produtos e serviços no mundo. Toda empresa deve se preparar, pois além de apenas aplicar uma marca nos produtos, a marca Brasil visa certificar o compromisso e seriedade com os quais assumimos os nossos negócios. Isso vai das grandes empresas até as menores.
Devemos trabalhar para que nossos produtos e serviços sejam tão reconhecidos quanto nossos naturais garotos-propaganda. Assim, recomendo um texto sobre como e quando utilizar a marca Brasil e que fala sobre qual é a imagem do Brasil no exterior e como essa imagem vem mudando, quais as implicações da imagem do Brasil para as empresas, os esforços governamentais de construção da Marca Brasil, quando associar a marca da empresa ao nome do país, e como o “Made in Brazil” afeta a percepção de compradores internacionais. Ao final, o texto oferece um check-list para avaliar as oportunidades de uso da imagem do Brasil por pequenas empresas brasileiras.
Luciana Pecegueiro Furtado, da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae