O empreendedorismo nunca atraiu tanta gente no Brasil. Segundo dados da última pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor), de 2013, ter o negócio próprio é um dos principais sonhos do brasileiro, superado apenas pelo desejo da compra da casa própria e o de viajar pelo País. Apesar desse sentimento tão forte, será que as pessoas estão preparadas? “Antigamente, em épocas de crise, o empreendedorismo era a única saída para quem perdia o emprego. Mas o Brasil melhorou economicamente e, hoje, o principal motor do empreendedorismo é a oportunidade”, explica o consultor da área de Atendimento Setorial do Sebrae‑SP, Reinaldo Messias.
A pesquisa GEM do ano passado comprova o cenário: a cada 100 pessoas que abriram um negócio, 71 o fizeram por oportunidade. O dado é um marco, configurando o melhor registro desde o começo do levantamento, há 12 anos. “Isso mostra que o interesse vai além de simplesmente ganhar mais dinheiro. É sobre ser independente e ter a liberdade de dar os rumos à própria vida”, esclarece. Segundo ele, é uma mudança cultural, como mostra novamente a GEM: seguir carreira em uma companhia vem apenas em oitavo lugar entre os desejos dos entrevistados.
Apesar de a vontade de empreender ter crescido no Brasil, os desafios continuam grandes em razão da burocracia, dos altos custos trabalhistas e dos impostos. Além das questões estruturais, ser o dono de um empreendimento exige o desenvolvimento de habilidades e muita persistência. “Uma das mudanças é ter de trabalhar muito mais, às vezes até de fim de semana. Se está dando certo, ninguém se incomoda, mas quando não dá dinheiro, as pessoas começam a questionar as escolhas”, diz Messias. Além disso, é necessário aprender a liderar, reter funcionários e, ainda, arcar com o peso de tomar todas as decisões. “Todas as escolhas podem gerar prejuízos.
Como empregado, você levaria apenas uma bronca ao errar, mas, como dono, isso resulta em perda financeira.”
Foi o que aprendeu Luís Machado, criador do iCasei, plataforma online que permite ao casal a criação de um site personalizado para organizar o casamento. O empreendedor paulistano se casou em 2006 com Priscila, de Piracicaba, e teve a ideia de montar um site para facilitar a vida dos parentes da noiva no interior. O projeto foi tão elogiado que ele pensou em ganhar dinheiro com o conceito. “Virou sonho: ter um complemento de renda e ainda ajudar outras pessoas”, conta. O desejo foi realizado em 2007, com o lançamento da plataforma. Na época, ele estava bem estabelecido em uma grande companhia de softwares, mas, conforme o negócio próprio crescia, a esposa já não conseguia cuidar sozinha de tudo e Luís fazia jornada dupla noite adentro. “Em 2008, decidi abandonar o emprego, pois acreditava que meu negócio podia dar certo. Senti medo, mas a vontade de empreender falou mais alto”, lembra.
Com o crescimento, Luís teve de aprender sobre todas as áreas da empresa, desde o contato com o cliente até a parte tecnológica. “Aprendi muita coisa para não depender dos outros: o dono precisa ser generalista e saber se virar.
Além disso, tomar decisões é uma grande responsabilidade. Ao me confrontar com elas, sempre penso no que o cliente gostaria e nunca de forma apressada”, completa. Mas os desafios compensaram. Atualmente, o iCasei tem 16 funcionários e cria aproximadamente 3.500 sites para casamentos por mês, sendo pioneiro e referência no setor. Prova de sucesso para quem se arrisca por um sonho.
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